Produtividade acima da média para ambientes de Mato Grosso do Sul é um dos resultados obtidos com o clone de cana-de-açúcar RB 065862.
Ela é desenvolvida pela Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa Brasil) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A futura variedade está na fase final de avaliação e a expectativa é que a liberação ocorra nos próximos anos.
De acordo com o Supervisor Regional de Melhoramento Genético da Ridesa/ UFSCar, João Carlos Civieiro, a fase corresponde à validação do clone em área comercial com plantio mecanizado.
“A liberação pode ocorrer em breve, estamos na expectativa e vai depender dos resultados na área comercial que é a última etapa”, explica.
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Colheita em meio de safra
Além da alta produtividade, o clone RB 065862 vem apresentando outras características importantes, como época de colheita em meio de safra (julho a setembro), difícil florescimento e boa brotação de soqueira.
“Além de resistência às principais doenças”, complementa Civieiro.
Para o Engenheiro Agrônomo da Ridesa/UFSCar, Antônio Ribeiro, se trata de um material promissor.
“Usinas que experimentaram a série relataram produtividades muito boas. Já são treze anos de experimento e a nossa intenção é fornecer esse material com bastante segurança às usinas e aos fornecedores de cana”, afirmou, otimista.
Média de 107 tch
Com avaliações de ensaios em diversos ambientes no Estado, o clone atingiu na média de três colheitas 107 toneladas de cana por hectare.
“Estamos falando de dez toneladas acima da média apresentada, por exemplo, pela RB 966928 que é carro chefe aqui em Mato Grosso do Sul”, ressalta Ribeiro.
Para o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, se trata de um avanço para o setor no Estado. “O foco no aumento da produtividade é uma constante na atuação da Biosul.
A parceria com a Ridesa tem sido positiva, temos ótimas expectativas com o desenvolvimento de novas variedades”, destaca.
A informação foi compartilhada na 6ª Reunião Anual 2019, realizada em 28/09 em Dourados (MS).
O encontro foi realizado pela Ridesa Brasil e UFSCar em parceria com a Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
E reuniu representantes das usinas em operação no MS, fornecedores de cana-de-açúcar e pesquisadores para avaliação e apresentação das séries em experimentos nas usinas do Estado.
Melhoramento genético
As variedades de sigla RB são cultivadas em mais de 65% da área com cana-de-açúcar no País. Em Mato Grosso do Sul estão presentes em todas as áreas das 19 unidades sucroenergéticas em operação.
Segundo Civieiro, a partir de 2007, com a série 2006, começou a ser introduzido no Estado a primeira fase do programa de melhoramento genético (T1), possibilitando estes clones serem selecionados para as características de Mato Grosso do Sul. “Hoje o Estado já conta com clones promissores, mais produtivos e adaptados às condições daqui”, destaca.
O processo de desenvolvimento das variedades é extenso, com fases de testes, experimentação e validação que podem durar mais de quinze anos. “Importante destacar a contribuição e confiança em nossas pesquisas por parte das usinas e fornecedores parceiros neste trabalho”, completa Civieiro.