Renato Anselmi, de Campinas, SP
O biodiesel feito com óleo reciclado deverá ser uma das atrações paralelas da Copa do Mundo 2014. Uma das iniciativas para a divulgação desse biocombustível durante o evento está sendo colocada em prática pelo projeto Bioplanet, proposto pela Biotechnos Projetos Autossustentáveis, de Santa Rosa, RS.
Entre outras ações, o Bioplanet prevê o uso do B20 (mistura de 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil) em veículos que farão o transporte de convidados internacionais que participarão de eventos promovidos pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), conforme informações de Márcia Werle, presidente do Conselho da Biotechnos.
Até o início de abril, já estava definido o uso de biodiesel, para essa finalidade, em Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Além disso, esse biocombustível será utilizado em geradores na Fan Fest que vai acontecer em Porto Alegre, RS, durante a Copa do Mundo.
Para suprir a demanda de biocombustível nessas iniciativas, estão sendo organizados Arranjos Produtivos Locais (APLs) que serão responsáveis pelo fornecimento de biodiesel fabricado a partir de óleos e gorduras residuais (OGR). O projeto prevê a inclusão de catadores de materiais recicláveis e a educação ambiental de crianças e adolescentes. Outras ações estão sendo estruturadas, como o uso de uma usina móvel, para demonstrar a importância da utilização de óleo reciclado na fabricação de biodiesel.
Uma das metas do Bioplanet durante a Copa do Mundo é o uso do B20 em ônibus que transportarão as delegações (jogadores, comissão técnica) participantes da disputa. Segundo Márcia Werle, está havendo falta de apoio de órgãos oficiais para que essa iniciativa seja viabilizada, apesar do Bioplanet ter sido escolhido para integrar o Plano de Promoção do Brasil na Copa do Mundo de 2014 a partir de uma seleção pública de projetos.
Segundo ela, o Bioplanet tem apresentado um resultado bastante positivo em relação ao envolvimento da comunidade. O APL baseia-se no engajamento e o Bioplanet, sob a plataforma de mobilização da Copa, é uma iniciativa que visa enfrentar, entre outros, o problema do descarte inadequado de 1,5 bilhões de litros de óleos residuais ao ano no meio ambiente por 50 milhões de residências e pequenos estabelecimentos do ramo da alimentação – detalha.
“Considerando que um litro de óleo residual, segundo o Conama, contamina 12 mil litros de água, o envolvimento comunitário é fundamental. E, estamos surpresos com a mobilização dos estudantes e a capacidade produtiva dos catadores”, comemora.
Lançado nacionalmente em 2013, o projeto já contabiliza resultados importantes, de acordo com a presidente do Conselho da Biotechnos. “Durante a Jornada Mundial da Juventude – JMJ Rio 2013, a execução do Bioplanet protegeu 60 milhões de litros de água e promoveu a redução de 12,6 toneladas de carbono equivalente (CO2e) com o uso de biodiesel em geradores de energia do palco do Papa Francisco e na orla de Copacabana”, exemplifica.
O projeto vai utilizar a plataforma da Copa para se fortalecer visando a criação de uma conscientização ambiental de que é necessário dar uma destinação adequada ao óleo. “A ideia é levantar a bandeira de que o óleo de fritura não pode ir para o ralo da pia e que tem outras destinações nobres. E uma delas é para a produção de biodiesel”, afirma.
“O Bioplanet é um projeto para sempre e não apenas para a Copa”, ressalta. Márcia Werle afirma que também “está em construção” a participação do Bioplanet na Olimpíada de 2016 que acontecerá no Rio de Janeiro.