Em todo o Brasil, a palha que se acumula com a colheita mecanizada, além da grande proliferação de pragas, tem sido foco de incêndios incontroláveis, segundo Belmiro Ribeiro da Silva Neto, professor FGV Marketing e Comunicação Corporativa. Silva Neto sugere um estudo, durante um debate no Linkedin, onde admite a necessidade de alternativas para evitar a perda da matéria-prima, importante solução para cogeração de energia.
Seguindo o debate, Valmir Barbosa, engenheiro agrônomo e consultor na área agronômica em cana-de-açúcar, afirma que o incêndio na palhada pode ser atualmente a maior praga do canavial, considerando os prejuízos. “Seu controle é extremamente difícil. A solução é “colher” como um novo produto. Geração de energia e renda”, diz.
O consultor Giuliano Favaretto afirma que também há outros problemas relacionados a palha da cana, como as pragas. “As áreas estão com altas infestações de cigarrinha, principalmente em canaviais de expansão em áreas que antes eram de pastagem para gado”, resume.
Outro participante do debate, o executivo, Rogério Nicola, acredita que se barateasse o recolhimento dessa palha, se possível com uma operação que já é necessária, o setor haveria encontrado um novo caminho para o problema.
Alternativa viável
O engenheiro agrônomo, produtor de cana da região de Lençóis Paulista (SP), Luiz Dalben, enfatiza a importância do recolhimento da palha no campo, trabalho que desenvolve desde 2004. Segundo ele, um hectare de cana produz 12 toneladas de palha e se o país retirar apenas 50% dessa palha do campo, ou seja, 4,5 milhões de ha, dos 9 milhões de ha cultivados, haverá cerca de 27 milhões de toneladas de palha (50% do produzido) para bioenergia e que hoje estão apodrecendo na lavoura, ou sendo objeto de incêndios.
O produtor investiu aproximadamente R$ 2 milhões em três anos, com o trabalho de recolhimento. “Hoje uma enfardadora gira em torno de R$ 500 mil. Fiz diversas viagens ao exterior para conhecer o sistema, e conseguimos vencer várias dificuldades técnicas. Ajudamos a desenvolver a enfardadora de palha da cana que não existia antes no país. Hoje vendo em torno de 16 mil toneladas por ano e forneço para um grupo da região de Lençóis”.
O próximo passo de Dalben, é utilizar uma enfardadora que já tritura palha, que custou em torno de R$ 600 mil.
De acordo com ele, para se implantar um sistema como esse é preciso realizar um estudo, levando em consideração principalmente o tipo de clima e as particularidades da área. “Mas de forma geral, obtive resultados agronômicos muito importantes com esse trabalho, como um maior desenvolvimento da cana na fase da soca e um incremento de 2 a 4 toneladas/ha com esse trabalho, deixando 50% da palha no campo. Eliminamos o problema da cigarrinha da raiz e percebemos maior facilidade nos tratos culturais, em contrapartida o solo perdeu mais umidade”, avalia.