
O grupo brasileiro Dedini, tradicional fabricante de equipamentos para usinas de cana-de-açúcar e uma das maiores do segmento no mundo, entrou com um pedido de recuperação judicial no Fórum de Piracicaba, em São Paulo, na segunda-feira. O passivo total da empresa é de cerca de R$ 300 milhões e entre os credores estão bancos, trabalhadores, fornecedores e fisco.

Os dados de 2014 do balanço da companhia e suas empresas controladas mostram que a situação é preocupante. Seu passivo de curto prazo somava ao fim do ano passado R$ 1,25 bilhão, enquanto o que tinha a receber era inferior a R$ 200 milhões. O prejuízo registrado foi de R$ 241 milhões, se acumulando ao longo dos últimos anos em cerca de R$ 780 milhões.
A situação financeira da empresa vem se deteriorando desde o fim de 2008, com a crise financeira mundial, que coincidiu com a crise do setor sucroalcooleiro no País. A empresa estava em seu auge naquele ano e chegou a faturar R$ 2,1 bilhões.
De lá para cá, a queda nas vendas foi sistemática. Entre 2008 e 2010, a inadimplência de clientes chegou a R$ 270 milhões e foram cancelados contratos de R$ 562 milhões. O resultado é que, no ano passado, o faturamento caiu 80% e chegou a R$ 380 milhões.
No primeiro semestre de 2015, segundo informa o processo, o volume de vendas caiu ainda mais. A empresa declara no documento ter registrado “uma queda forte”.
Capacidade ociosa
Com a crise no setor de etanol, a companhia enfrenta ainda alta ociosidade em sua capacidade de produção. Suas fábricas espalhadas por Piracicaba, Sertãozinho, Maceió e Recife têm capacidade de produzir equipamentos para montar 12 usinas de açúcar e álcool por ano. Mas hoje ainda enfrenta a inadimplência de clientes que é de R$ 89 milhões. O custo tributário também pesa e a empresa diz precisar de um parcelamento para colocar as contas em ordem. Os bancos se fecharam para a companhia que, há alguns anos, sofre com a falta de seu principal financiador, o BVA – liquidado pelo Banco Central.
Além disso, já há alguns meses a relação com os funcionários se deteriorou. Greves e paralisações têm sido comuns por causa de atrasos nos pagamentos dos salários e depósitos do FGTS e ainda pelas demissões que a empresa vem realizando. A Dedini explica que “vem fazendo uma triste, mas necessária, redução de seu quadro de colaboradores. Outras reduções de custo já vêm sendo planejadas e adotadas”, diz a empresa no processo judicial.
(Fonte: Estadão Conteúdo)