O governo ainda não está atento às perspectivas de evolução da bioeletricidade a partir do RenovaBio.
A avaliação é de Newton Duarte, presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
Segundo ele, o resultado do 29º Leilão de Geração A-4, realizado em 28/06 com a contratação de apenas um projeto de biomassa, indica que o governo federal ainda não está dando a devida atenção às perspectivas de crescimento da bioeletricidade.
Esse crescimento decorre do aumento de produção de etanol a partir do programa RenovaBio, a política nacional de incentivo aos biocombustíveis.
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“A participação da biomassa com um único projeto — a um preço, aliás, aquém das expectativas do setor — retrata a baixa atenção do governo quanto à evolução esperada da exportação de energia pelas usinas de açúcar & etanol em função do início do programa RenovaBio, a partir de 2020”, diz o presidente executivo da Cogen.
Potencial
Segundo a associação, na esteira do RenovaBio a cogeração de energia no Brasil a partir da biomassa de cana-de-açúcar tem potencial para crescer mais de 50% até 2030.
Isso porque o crescimento de produção de etanol vai ampliar a quantidade disponível de bagaço de cana.
“Espera-se que no leilão A-6, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em conjunto com o Ministério de Minas e Energia (MME), possam estabelecer condições de demanda ajustadas aos atributos proporcionados pelas fontes, levando em consideração as estratégias energéticas ora sendo implantadas no país, a exemplo do etanol e gás natural”, complementa Duarte.
Baixa demanda
Segundo o presidente executivo da Cogen, o leilão A-4 indica uma baixa demanda de geração.
“O resultado do leilão revela que são baixas as perspectivas de crescimento da demanda, com 2,4% de crescimento nos últimos 12 meses, quando foram adquiridos somente 81MW médios de 15 empreendimentos, no total de 401 MW instalados das quatro fontes, biomassas, hidro, eólicas e solar.
Lógica de mercado
De acordo com Duarte, também impressiona a agressividade dos projetos fotovoltaicos, que alcançou novo recorde de preços no Brasil, vendendo a R$ 67,48/MWh, contra o teto de R$ 276,00/MWh.
“O deságio foi de 75,5%, apesar de requerer longos períodos de amortização dos investimentos. Impressiona por aparentemente serem valores incompatíveis com a lógica de mercado”, afirma Duarte.
Para ele, o fator de carga atribuído aos projetos fotovoltaicos demonstra maior cuidado com o comprometimento de geração, de 15% neste leilão, em virtude das condições definidas no edital — agora não mais de disponibilidade, mas, sim de quantidade de energia a ser entregue.
O leilão A-4 contratou o equivalente a 401,5 MW de capacidade instalada e 164,99 MW médios de garantia física. Os agentes compradores foram as distribuidoras CPFL Santa Cruz e Light.
O preço médio de venda do leilão foi de R$ 151,15/MWh.
O A-4 foi realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo.