Com mais de um ano de atraso, a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) divulgou na sexta-feira sua proposta para o uso de combustíveis renováveis até 2016, confirmando a intenção de reduzir o uso em relação às metas estabelecidas na lei de 2007 que criou o “Renewable Fuel Standard” (RFS).
A perspectiva de um menor crescimento no uso de etanol de milho fez os futuros do grão recuarem na sexta-feira no pregão em Chicago. Por outro lado, a proposta de um uso maior de biodiesel, impulsionou as cotações da soja na bolsa americana.
Para o etanol de milho, que está na categoria “convencional”, a EPA propôs um uso de 13,40 bilhões de galões (50,9 bilhões de litros) em 2015. Em 2007, a previsão era de um uso 11,5% maior, de 15 bilhões de galões (56,7 bilhões de litros).
Em nota, a associação que representa as usinas de etanol de milho dos Estados Unidos (Renewable Fuel Association, RFA) considerou que a proposta da EPA reflete uma posição equivocada de que o etanol atingiu seu ponto máximo de saturação com a mistura de 10% e de que o mercado das misturas de maior percentual, como de 15% (E-15) e de 85% (E-85), ainda não é grande o suficiente para justificar uma obrigação de maior uso no país.
Na visão da RFA, é “frustrante” a continuidade dessa interpretação pela EPA. “Ao adotar a narrativa das companhias de petróleo quanto à capacidade do mercado para distribuir efetivamente volumes crescentes de combustíveis renováveis, em vez de colocar a RFS de volta aos trilhos, a agência criou um caminho mais lento e mais caro para os combustíveis renováveis no país”, afirmou em nota o presidente da RFA, Bob Dinneen.
Para o etanol avançado – categoria na qual o etanol de cana-de-açúcar do Brasil e também o biodiesel americano se enquadram -, a proposta do EPA para 2015 foi de 2,9 bilhões de galões (10,97 bilhões de litros), sendo que, no mínimo, 1,7 bilhão de galões (6,43 bilhões de litros) devem ser de biodiesel. Em 2007, a proposta foi de 5,5 bilhões de galões (20,81 bilhões de litros).
Para o biocombustível celulósico, a nova proposta do EPA para 2015 é de 106 milhões de galões (401 milhões de litros), contra um volume acima de 1,7 bilhão de galões (6,5 bilhões de litros) propostos em 2007. “A produção do etanol de segunda geração não cresceu, como se esperava em 2007. Por isso, o recuo”, explica Vitor Andrioli, analista da consultoria FCStone.
A proposta do EPA para uso de combustíveis renováveis ficará disponível para consulta pública até 25 de junho. A previsão da agência é de que a versão final seja publicada até 30 de novembro.
(Fonte: Valor Econômico)