Gestão Administrativa

Escassez de água é mais um desafio para as usinas de cana

Escassez de água é mais um desafio para as usinas de cana

2014-09-11 Resfriamento Reuso Agua ItamaratiO cenário tido como positivo para 2017 e 2018, por conta do déficit mundial de açúcar, pode não se traduzir 100% em realidade para as 400 usinas de cana-de-açúcar em condições de operação no País.

O setor sucroenergético, que vem de seis anos de crises, enfrenta neste ano o salto do endividamento, que avança principalmente nas dívidas dolarizadas. E surge agora um desafio natural: a escassez de água doce.

Relatório do Banco Mundial, divulgado em 04/05/2016, revela que a disponibilidade de água doce cairá em 2050 para até menos dois terços da água disponível em 2015.

A queda brusca na oferta de água, conforme o relatório, ocorrerá por alterações climáticas e pela competição por parte de setores como a energia ou a agricultura.

Intitulado High and Dry: Climate Change, Water and the Economy, o relatório do Banco Mundial revela que algumas regiões do mundo poderão ver suas taxas de crescimento caírem 6% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2050.

Dependência

Essa ameaça pode ser revertida caso ocorram melhorias nas políticas de gestão da água. Mas, para o setor sucroenergético, o alerta entra na lista de sinais vermelhos, junto ao custo crescente das dívidas e da falta de políticas públicas sobre o etanol na matriz energética, o que emperra novos investimentos.

As usinas de cana dependem tanto da eletricidade quanto da água. No caso da energia, a cogeração pela biomassa da cana supre as necessidades durante o período da safra. Em média, esse período é de 210 a 220 dias, mas em 2015 pelo menos 10 unidades sucroenergéticas moeram durante todo o ano.

No caso da água, unidades chegam a consumir 200 mil litros de água por dia durante a safra, segundo revelou o diretor de uma usina paulista para o Portal JornalCana. O líquido é reaproveitado, mas não totalmente.

Saiba mais sobre o estudo do Banco Mundial: 

1 – O banco escreve que as alterações climáticas terão impacto, em primeiro lugar, no ciclo da água, com consequências na alimentação, energia, sistemas urbanos e ambientais

2 – O crescimento das populações, com maiores rendimentos e em cidades cada vez maiores, irá resultar num aumento exponencial das necessidades de água, mas a água disponível será mais errática e incerta

3 – Se as políticas de gestão da água se mantiverem como estão e se os modelos climáticos se confirmarem, a escassez de água irá se estender a regiões onde atualmente não existe, como a África central e a Ásia oriental – e piorar gravemente onde já é uma realidade, como o Oriente Médio e o Sahel, na África.

4 – Os impactos da má gestão da água são particularmente sentidos pelos mais pobres, que têm maior probabilidade de depender da agricultura alimentada pela chuva e de viver em zonas mais suscetíveis a inundações, estando também mais vulneráveis ao risco de águas contaminadas e saneamento desadequado

5 – As mudanças na disponibilidade da água podem também induzir as migrações e incendiar conflitos civis, devido ao impacto que têm nos preços dos alimentos e no crescimento econômico

(Com informações da Agência Lusa/Agência Brasil)