As duas usinas de cana-de-açúcar controladas pela Tietê Agroindustrial passam a ter 51% do controle nas mãos do Grupo FKS.
Multinacional de agronegócio com sede em Cingapura, o FKS é dono da trading Enerfo.
O Grupo FKS comprou 51% da Tietê Agroindustrial, relata texto do Valor extraído do clipping da SCA.
O controle foi adquirido da gestora Proterra Investment Partners, que continuará com 49% de participação.
A operação foi submetida na segunda-feira (03/03) ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O valor da transação não foi divulgado nos documentos entregues ao órgão.
O escritório Mattos Filho assessorou o Proterra na operação.
Procurados, FKS, Proterra e Mattos Filho não comentaram, segundo o jornal.
A FKS, que faturou US$ 1 bilhão em 2018, já atua no mercado de açúcar.
Em comercialização, o grupo é dono da trading Enerfo, que compra e vende açúcar no Centro-Sul do Brasil.
Na área industrial, a FKS tem duas refinarias, uma na Indonésia e uma na ilha de Java.
O grupo ainda é sócio da francesa Tereos na Indonésia em uma joint venture que produz amido e xarope de milho, além de outros produtos de milho.
Compra fechada em fevereiro
O grupo de Cingapura fechou a compra em 12 de fevereiro, através da sociedade de propósito específico (SPE) Ark Capital.
Essa adquiriu 51% de ações detidas pelo fundo BR Brazil Agriculture 2 Investimentos Participações, gerido pela Proterra.
Agora, com as usinas de cana nos municípios de Paraíso e Ubarana, em São Paulo, o FKS entra no processo de produção de açúcar.
A capacidade instalada conjunta atual é para processar 7,2 milhões de toneladas de cana por safra.
E um aumento dessa capacidade já está contratado.
No fim do ano passado, a Tietê anunciou o início de investimentos na ampliação de sua estrutura em um terço para conseguir moer 9,6 milhões de toneladas por safra.
Os aportes planejados preveem também a construção de uma fábrica de açúcar em Ubarana, que deve ficar pronta em outubro.
A Proterra assumiu as usinas do Grupo Ruette na safra 2015/16 por meio de um repasse do fundo Black River, que na época tinha a Cargill como uma das cotistas.
A compra por parte da Proterra foi acertada na época por R$ 830 milhões, somando valor em dinheiro e assunção de dívidas.
No período em que ficou sob gestão da americana, a Tietê passou por uma forte reestruturação operacional, que envolveu investimentos na área industrial e agrícola.
Como resultado, em cerca de quatro anos a companhia duplicou sua capacidade de processamento e, na última safra, já estava quase sem ociosidade.
A Tietê encerrou o ciclo passado (2018/19) com receita de R$ 517 milhões, aumento de 8% em duas safras.
No mesmo período, sua dívida líquida foi reduzida em 20%, para R$ 242 milhões.
Na safra passada, porém, em meio aos valores pressionados de açúcar, a empresa teve prejuízo de R$ 16,7 milhões.