O déficit de açúcar no mercado mundial deve atingir 5,9 milhões de toneladas.
De início, esse saldo negativo é projetado pela INTL FCStone para a oferta global no ciclo 2019/20.
Divulgada em 06/08, a previsão supera em 200 mil toneladas o déficit previsto pela empresa em maio último, de 5,7 milhões de toneladas.
De acordo com a INTL FCStone, impactos climáticos e produtividade mais tímida de importantes players explicam o déficit global do alimento.
Maior patamar
Por sua vez, o cálculo atual coloca o déficit em seu maior patamar desde a temporada 2015/16.
Isso leva os estoques à expectativa de atingir 72,5 milhões de toneladas – o que pressiona a relação estoque/uso para 38,9%.
Significa queda de 0,4 ponto percentual em relação à projeção de maio e de 3,4 p.p. no comparativo com 2018/19.
“Revisamos para baixo, em 1,8 milhão de toneladas, a fabricação total de açúcar no mundo, que é estimada agora em 180,4 milhões de toneladas. Comparativamente, esse volume é 2,2% inferior à temporada anterior”, destaca o analista de mercado da INTL FCStone, Matheus Costa, em relatório.
Desempenho
Por sua vez, na Ásia, o desempenho inicial das monções reforçou ainda mais as indicações de menor fabricação de açúcar.
A exemplo da Índia, que registra monções 9,2% abaixo da normalidade.
E, embora as precipitações possam se manter próximas ao usual em agosto e setembro, é pouco provável que os canaviais se recuperem integralmente.
Especialmente quando as chuvas mais escassas ocorridas desde o período úmido em 2018 são consideradas.
“Ainda que o desempenho do fenômeno climático tenha melhorado nas últimas semanas, os principais reservatórios de Maharashtra, utilizados como fonte de irrigação nos meses mais secos, estavam com 26% de sua capacidade ao fim de julho”, explica Costa.
“Apesar de 6 p.p. acima do usual, essa proporção representa retração de 7 p.p. ante ao mesmo período de 2018 e de 1 p.p. no comparativo com 2017.”
Menos açúcar
Esse contexto motivou a INTL FCStone a reduzir sua estimativa de produção de açúcar na Índia em cerca de 1,4%.
Essa queda é frente à projeção de maio, para 28,2 milhões de toneladas (valor branco).
Vale destacar que esse volume representa retração de 14,4% em relação ao recorde projetado para o ciclo 2018/19.
Na Tailândia, a produção de açúcar pode ser impactada não somente pela redução na área semeada com cana, mas também pelo desempenho climático.
Entrementes, o Nordeste do país asiático – responsável por 44% da moagem – registrou chuvas abaixo da média histórica em maio e junho, com respectivas reduções de 16% e 41%.
Para o período de julho a setembro, espera-se que a região citada acima apresente precipitações próximas à normalidade.
De seu lado, isso aliviaria – ainda que em partes – os efeitos da estiagem no fim do primeiro semestre do ano.
Entretanto as temperaturas tendem a se posicionar acima dos patamares usuais, limitando os impactos positivos da maior umidade e, assim, pesando sobre o balanço hídrico do solo.
Considerando perspectivas similares para as regiões Central (com 35% da capacidade de processamento) e Norte (com 21% da capacidade) nos próximos meses, a INTL FCStone revisou para baixo sua estimativa de produção no país asiático em 2019/20, na ordem de 0,3 milhão de toneladas.
Projeta-se que a produção na Tailândia totalize 13,2 milhões de toneladas, retração de 10,8% ante à temporada anterior.
Queda na China
As perspectivas para a China também foram revisadas para baixo, para 10,0 milhões de toneladas (valor branco).
Como resultado, é uma retração de 0,1 milhão de tonelada em relação à última projeção e de 7,1% no comparativo com 2018/19.
Na Europa, o clima também será o principal determinante na produção de açúcar a partir da beterraba, especialmente nos países da União Europeia, onde forte onda de calor vem atingindo as plantações.
Tanto que entre os dias 1º de junho e 15 de julho, a temperatura média nas principais regiões produtoras de beterraba da UE ficou entre 2°C e 4°C acima da média histórica.
De seu lado, o volume de chuvas também tem desapontado.
Aliás, nos últimos dois meses, as precipitações na França, Alemanha e Polônia apresentaram quedas de entre 25% e 75% em relação à normalidade.
Igualmente, os três países são os maiores produtores de açúcar do bloco supracitado.
Posteriormente, o estresse hídrico se mostra tão acentuado que províncias francesas restringiram a utilização de água para a irrigação.
União Europeia
Isto é, neste contexto, a INTL FCStone espera que a produção de açúcar na União Europeia atinja 16,7 milhões de toneladas (valor branco).
Aliás, esse volume, além de representar redução de 0,3 milhão de toneladas ante à última projeção, é 2,3% inferior ao patamar de 2018/19.
Já as perspectivas para a safra brasileira apontam produção de 28,1 milhões de toneladas (tel quel³) durante o período de outubro/19 a setembro/20.
Nesse meio tempo, trata-se de aumento de 10,2% na comparação com o estimado para os doze meses anteriores.
E de 0,9 milhão de toneladas de retração na comparação com a projeção anterior.
Acima de tudo, as perspectivas para a demanda global de açúcar foram reduzidas em cerca de 1,7 milhão de toneladas.
Apesar de tudo, isso em relação ao último relatório, para 186,2 milhões de toneladas.
Finalmente, o volume representa crescimento de 0,6% no comparativo anual.