O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 39,34 milhões de toneladas na primeira metade de outubro. No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 15 de outubro, a moagem alcançou 480,78 milhões de toneladas, aumento de apenas 1,45% no comparativo com o valor observado no mesmo período de 2013.
Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, “a persistência do clima seco tem facilitado a operacionalização da colheita em diversas regiões”. Chama a atenção, entretanto, que a menor produtividade agrícola e esse avanço da moagem têm antecipado o término da safra em diversas unidades do Centro-Sul, acrescentou.
De fato, até o final da primeira quinzena de outubro, 22 usinas encerraram a safra 2014/2015, número consideravelmente superior às seis plantas que finalizaram as atividades em igual data do último ano. Essas 22 unidades que terminaram a atual safra até 15 de outubro processaram uma quantidade de cana-de-açúcar 23% menor comparativamente aquela registrada na safra 2013/2014.
Produtividade agrícola
De acordo com o levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade agrícola dos canaviais colhidos no Centro-Sul em setembro totalizou 69,3 toneladas por hectare, contra 75,4 toneladas por hectare verificadas no mesmo período de 2013 (queda de 8,1%). No acumulado desde o início da safra até o final de setembro, a produtividade alcançou 76,3 toneladas por hectare, com retração acumulada de 7,2% em relação às 82,2 toneladas por hectare observadas até a mesma data do ano anterior.
O executivo da Unica acrescenta que “os números preliminares de outubro mostram que a quebra agrícola deve ser ampliada em São Paulo nas próximas quinzenas. Esse cenário já foi contemplado na revisão publicada há dois meses pela Unica, que não pretende divulgar nova estimativa até o final da atual safra”, afirmou.
Qualidade da matéria-prima
A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar processada atingiu 146,09 kg na primeira quinzena de outubro, frente a 138,12 kg por tonelada observados no mesmo período da safra anterior. No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 15 de outubro, o teor de ATR por tonelada de matéria-prima totalizou 136,48 kg por tonelada, ante 133,27 kg por tonelada, registrados em igual período de 2013.
Produção de açúcar e de etanol
Seguindo a tendência observada nas últimas quinzenas, a proporção de matéria-prima destinada à fabricação de açúcar nos primeiros 15 dias de outubro (43,25%) manteve-se abaixo do nível observado na mesma data da safra passada (46,32%). O diretor da Unica esclarece que “apesar de se manter alcooleiro, o mix de produção para açúcar na primeira metade de outubro foi levemente superior àquele apurado na última quinzena de setembro”.
Segundo o executivo, esse movimento pontual ocorreu devido a três fatores principais: a) as unidades que encerraram a safra priorizaram a produção de açúcar nessa quinzena para o atendimento de contratos já estabelecidos; b) o preço do etanol ao produtor caiu nas últimas semanas, reduzindo a atratividade do produto; e, c) algumas unidades apresentaram restrição física para maior armazenamento de etanol. Com isso, a produção de açúcar nos primeiros 15 dias de outubro atingiu 2,37 milhões de toneladas. A produção de etanol, por sua vez, alcançou 1,91 bilhão de litros, sendo 780,21 milhões de litros de etanol anidro e 1,13 bilhão de litros de etanol hidratado.
Vendas de etanol
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul na primeira quinzena de outubro somaram 1,05 bilhão de litros, com 1,01 bilhão de litros direcionados ao mercado interno e apenas 33 milhões de litros à exportação. Especificamente em relação ao volume comercializado de etanol hidratado no mercado doméstico, este somou 611,97 milhões de litros na primeira metade de outubro, frente a 585,68 milhões de litros registrados nos últimos 15 dias de setembro (crescimento de 4,49%). Já as vendas internas de etanol anidro totalizaram 401,03 milhões de litros na primeira quinzena de outubro, contra 394,01 milhões de litros apurados no mesmo período de 2013.
No acumulado de abril até 15 de outubro, as vendas de etanol alcançaram 13,11 bilhões de litros. Deste montante, 12,34 bilhões de litros direcionaram-se ao abastecimento do mercado interno e apenas 773,57 milhões de litros à exportação. “Apesar da quebra de safra prevista para esse ano, o volume de etanol vendido ao mercado doméstico é idêntico aquele verificado na mesma data do ano passado, fruto da queda das exportações do produto e do mix de produção mais alcooleiro verificado até o momento”, explicou Rodrigues.
Para o diretor da Unica, “as vendas de etanol hidratado devem crescer nas próximas quinzenas, pois a redução de preço observada no produtor deve se refletir no valor de bomba do produto nos próximos dias”.
Com efeito, dados apurados pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada (CEPEA) e pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, enquanto o preço do etanol hidratado recebido pelas usinas diminuiu 7,12% nas últimas seis semanas (quase R$ 0,09 por litro), o preço do biocombustível nos postos paulistas se manteve estável no mesmo período.