Gestão Administrativa

CEO da São José da Estiva apresenta 8 pontos de atenção para a safra 2017/18

Holland Filho: alertas para alcançar moagem prevista

Assim como a maioria das unidades da região Centro-Sul do Brasil, a Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte (SP) iniciou a moagem da safra 2017/18. De acordo com o CEO da unidade-produtora, Roberto Holland Filho, a perspectiva é que usina semelhantemente a safra passada processe 3,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Deste montante espera produzir 5 milhões de sacas (50kg) de açúcar e 110 milhões de litros de etanol.

A previsão de moagem é boa dada a capacidade instalada da unidade que é de 3,5 milhões de toneladas de cana. Mas para atingir seus objetivos tanto produtivos, quanto corporativos, Holland Filho elencou alguns pontos de atenção que devem nortear sua gestão e de sua equipe nesta nova safra. Confira:

1. Rendimento industrial 

 O rendimento industrial da Usina São José da Estiva na safra 2016/17 esteve acima do esperado. Um incremento médio de 5%. Isso por conta da implementação de novos sistemas gestão industrial, como o S-PAA. Nesta safra a gerência industrial implantará pontos de medições em todas as áreas da indústria. “Acabávamos tratando os pontos de medição como perda indeterminada. Mudamos, e estabelecemos como perdas determinadas. Isso permite gerirmos melhor essas perdas. Também trocaremos vários equipamentos e com isso podemos aumentar a flexibilidade de alternar o mix de produção em cerca de 7%”, explica Holland Filho.

2. Podridão vermelha

 Na área agrícola a usina obteve ATR abaixo do normal na safra passada. Parte do percalço foi culpa da cana bisada que atingiu 14% da área plantada. Mas um vilão mais perigoso, segundo Holland Filho, surgiu: o Colletotrichum ou podridão vermelha. A praga, conhecida como câncer da cana é a surgiu nos canaviais da São José da Estiva por conta de condições climáticas desfavoráveis. “Plantamos variedades mais suscetíveis a podridão vermelha e como tivemos clima favorável para sua infestação, nosso canavial foi vítima desse problema. Prevíamos moer 3,5 milhões de toneladas — já calculando intempéries climáticas —  mas a podridão vermelha afetou além do esperávamos e com isso moemos menos, chegando ao valor de 3,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Buscamos auxilio com profissionais de outras usinas e universidades. Tomamos algumas medidas que tomamos acreditamos não sofrer com esse problema nesta safra. Sem ele esperamos um incremente de 5% a mais em nossa produtividade com ATR em torno de 90 toneladas”.

3. Florescimento 

 O canavial da São José da Estiva tem cerca de quatro anos de cortes. A gerência agrícola da usina faz uso com instância de maturadores no canavial. Mas de acordo com o CEO da unidade, há uma aplicação fundamental para não soferem com outro problema comum nas lavouras da região de Novo Horizonte, que é a isoporização. “Utilizamos um inibidor como inibidor de florescimento. Isso nos traz ganho de ATR em torno de 4kg, o que paga a aplicação, e faz uma espécie de seguro do canavial. Para atestar estes resultados separamos algumas “áreas de testemunha” no canavial. Elas floresceram e as avaliamos, constatando que a isoporização trouxe perdas em torno de 35% no peso da cana”.

4. Alto custo da terra

 Aumentar a produtividade na safra 2017/18 é impreterível, de acordo com Roberto Holland filho. Para isso ele e sua equipe de gestão decidiram  fazer uma reforma intensiva dos canaviais e reduzir custos com arrendamento de terras. “Planejamos reformar 6 mil hectares/ano diminuindo a idade média em 4 anos, e diminuir as terras de parceria que temos, por conta do alto custo”. 

5. Granizo

 Durante os meses de maio até junho de 2016 canaviais da região de Novo Horizonte sofreram também com um problema climático atípico para a região, que foram as chuvas de granizo. Como esta é uma intempérie que não se pode controlar, Rolland Filho tomou medidas para mitigar o máximo possível caso o problema se repita neste ano. “Afastamos a palha da linha da cana-de-açúcar, por exemplo para tentar minimizar o impacto de uma nova onda de chuvas de granizo”. 

6. Ganhos de margem zero no etanol

O CEO da São José da Estiva espera que os preços do etanol sejam mais favoráveis na safra 2017/18.“Trabalhamos com a Unicop — taxa de remuneração de acordo com o mix produtivo. Sabemos que o etanol hidratado tem margem zero em termos de ganho, além disso o anidro tem ganho pequeno. O ideal é partir para um maior mix de produção de açúcar, mas com cuidado, já que temos uma responsabilidade e não podemos desabastecer o mercado de etanol”. 

7. Linhas de crédito

 Outra preocupação do executivo é a indisponibilidade das linhas de crédito do BNDES. “Ao montarmos nosso orçamento, definimos o Capex para compra de máquinas, mas não podemos mais contar com o Moderfrota. Conversamos nos bancos e nenhum deles sabe dizer quando sai. Uns dizem que talvez saia em junho, outros em julho. O problema é que a compra das máquinas para a lavoura precisa ser feita agora no inicio da safra”.

8. Terceirização

Sancionada há pouco tempo pelo presidente Michel Temer, a terceirização das consideradas “atividades fim” é uma novidade que carece muito estudo e discussão, conforme afirmou Roberto Holland Filho. “A terceirização ainda será bastante discutida. O ministério público do trabalho tem muito o que definir. Porque não poderá haver nenhum deslize  de ambas partes e a fiscalização passará a ser mais rigorosa do que antes. Mas por hora já estamos nos preparando para essas mudanças na modalidade de trabalho.  Temos uma equipe que faz auditoria semanal em frentes próprias de terceiro para averiguar segurança do trabalho e cumprimento da jornada”.
De acordo com o CEO da usina, os auditores entrevistarão os funcionários e não com os fiscais. “Usaremos questionários escritos e assinados por auditores e funcionários e, uma vez que as normas não estejam sendo cumpridas teremos que chegar ao ponto de cancelar contratos de terceirizadores”.