JornalCana

Açúcar sobe e eleva pagamento da cana a produtores de Ribeirão Preto

Um grupo de produtores da região de Ribeirão Preto já negociou mais de 700 mil toneladas de cana com duas usinas tendo por base o Indicador diário Açúcar Cristal da ESALQ/Cepea, obtendo um valor superior a R$ 60,00 por tonelada de cana “livre no campo” – os custos de carregamento e transporte correm por conta das usinas.

Esse valor é bem superior ao que a maioria dos produtores recebe com base no índice do Consecana. Agora em janeiro, a tonelada está cotada a R$ 52, mas, com o desconto dos custos de carregamento e transporte, resulta num valor ente R$ 30 e R$ 35.

O produtor de Santa Rosa de Viterbo, Edson Wiezel, explica que o grupo de fornecedores, nos anos 90, negociou 100 mil toneladas com base no preço ESALQ/Cepea. “Em 2000, já vendemos 200 mil toneladas. E este ano já temos contratadas 700 mi l toneladas com duas usinas. A expectativa é de atingir 1,5 milhão de toneladas”, informa.

A remuneração acima da média do mercado tem atraído cada vez mais produtores – eram 73 no ano passado e agora já são 90. Apesar da negociação ser conjunta, os contratos entre produtores e usinas, no prazo de cinco anos, são individuais. “Mas o corte é planejado como se todos os canaviais formassem uma só fazenda”, diz Wiezel.

Açúcar em alta

Heloisa Burnquist, professora da ESALQ e pesquisadora do Cepea, explica que realmente este ano e em 2010, a cana comercializada pelo índice ESALQ tem remunerado os produtores com valores bem acima dos obtidos pelo índice do Consecana, cujo cálculo abrange o açúcar e também o etanol.

“Mas esse é um fenômeno atípico, diretamente ligado à alta do preço do açúcar em todo mundo. Esse índice se atém ao açúcar, que vem atingindo preços nunca antes vistos na história, chegando a 33 cents de dólar por libra/peso em Nova Iorque, enqua nto a média histórica era algo entre 10 e 12 cents’, comenta.

Segundo ela, o cenário favorável ao açúcar vem de 2008, quando os estoques mundiais baixaram para níveis críticos. “Em 2009, como se esperava, os preços dispararam, ao mesmo tempo em que produtores de todo o mundo aumentavam a área plantada. Mas aí surgiram fatores climáticos que arrasaram várias regiões produtores. E o preço se manteve em alta”, explica.

Segundo Heloísa, é pouco provável que os preços do açúcar – e a remuneração da cana baseada neles – se mantenham nos níveis atuais por muito tempo.

“Acho difícil que o preço do açúcar se permaneça nesse patamar por muito mais tempo. Na verdade, qualquer valor acima dos 20 cents por libra/peso é simplesmente fantástico para produtores de cana e usinas brasileiras”, concorda Marcos Fava Neves, da Fundace (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia).

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram