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Açúcar: O mercado entrou em colapso devido aos fundamentos

Confira análise da hEDGEpoint

Açúcar: O mercado entrou em colapso devido aos fundamentos

Os fundamentos do açúcar já estavam em baixa, considerando as atualizações da safra brasileira divulgadas por muitas casas na semana anterior (inclusive a nossa), mas a manchete de que a Índia poderia produzir mais do adoçante em vez de perseguir sua meta de mistura de etanol foi tudo o que o mercado precisava para derreter.

O governo indiano anunciou na última quarta-feira (06/12) que considerava tomar algumas medidas para desencorajar o redirecionamento do açúcar para a produção de etanol, com o objetivo de amenizar a escassez e os estoques do adoçante no mercado doméstico.

“Basicamente, a medida consistiria em restringir o uso do caldo de cana e do melaço de peso B para a produção de etanol, permitindo apenas o uso do melaço de peso C, um subproduto com menor teor de sacarose. Essa proposta se tornou realidade no dia seguinte, contribuindo para a incapacidade dos preços de retornarem ao patamar de 24 c/lb”, diz Lívea Coda, analista de Açúcar da hEDGEpoint Global Markets.

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E prossegue: “Mas o que essas mudanças podem significar para o mercado global de açúcar? Em termos de fluxos comerciais, nada. Como o governo está tomando medidas para acumular estoques e evitar qualquer necessidade de importação, parece bastante improvável que ele permita qualquer exportação. Mas o déficit do balanço global pode simplesmente desaparecer”.

Isso reforça a opinião de que o mercado não está tão apertado quanto se acreditava. Observando os fluxos comerciais, conforme discutido no relatório anterior, parece que o déficit pode ser resolvido por meio da sazonalidade das importações. Se os destinos se mantiverem firmes durante o primeiro trimestre de 2024, enquanto esperam ao início da safra 24/25 do Centro Sul, o aperto pode simplesmente desaparecer.

O momentum de baixa também ganha força com as expectativas climáticas. Enquanto 2023 foi marcado pelo surgimento do El Niño durante a janela de desenvolvimento da safra no Hemisfério Norte, 2024 parece estar caminhando para um terreno neutro em relação ao ENSO.

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“Isso significa que os padrões climáticos devem estar mais próximos da média tanto no Hemisfério Norte quanto no Sul, o que nos permite esperar que a safra 24/25 seja excelente para o Centro Sul e um ano de recuperação para muitos países do Norte. É claro que ainda há muito a ser desvendado antes de termos uma visão mais clara sobre a safra de 24/25 da Índia e de outros países”, diz a analista.

Com foco no curto prazo, a única esperança que os altistas têm é o ritmo e a capacidade de exportação do Centro Sul. Embora durante a segunda quinzena de novembro as chuvas tenham sido abundantes, sabe-se que o país exportou mais do que em outubro, +26% de acordo com a SECEX – ou quase 3,4 milhões de toneladas.

“Embora se espere que a região Sul do Brasil tenha mais chuvas do que o normal nos próximos 14 dias, o litoral de São Paulo poderá enfrentar condições médias. Isso pode beneficiar a atividade de carregamento em Santos e ajudar a reduzir o tempo de espera – o que contribuiria para a tendência de baixa”, conclui.

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Em resumo

Está cada vez mais difícil acreditar em um mercado de 30 c/lb. Muitos fundamentos mudaram e agora estão do lado baixista da equação: A excelente safra brasileira continua surpreendendo positivamente, conforme discutido em nosso relatório anterior, a Índia deve induzir a uma maior produção de açúcar e as expectativas para o próximo ano também estão melhorando. O El Niño e o La Niña podem nos dar um descanso, oferecendo boas condições para o desenvolvimento da cana.

Finalmente, o mercado corrigiu seguindo tanto petróleo, quanto fundamentos e a reação dos especuladores que venderam suas posições compradas. Atingir 23,1 c/lb na quarta-feira nos fez pensar: onde está o piso? Seria a arbitragem de importação da China, em torno de 20 c/lb? Este é um momento de esperar para ver, mas com um pouco de déficit, talvez o açúcar possa encontrar suporte acima dele.