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Açúcar nada doce

Há um certo frisson em setores da opinião pública brasileira, particularmente empresários, em relação ao fato de que os Estados Unidos estão em uma ofensiva para fechar acordos bilaterais ou plurilaterais com países latino-americanos, o que, em tese, faria o Brasil perder vantagens de que hoje goza.

Há algum risco aí, sim, mas convém, antes, examinar aspectos dos acordos que os Estados Unidos impõem. Exemplo: as concessões aos países centro-americanos na área do açúcar, um dos produtos básicos dessa região.

O acordo recente não vai mudar as tarifas de importação para o açúcar, que são “proibitivas”, na avaliação do próprio USTr, responsável pelo comércio exterior norte-americano. “São bem acima de 100%, uma das mais altas tarifas na escala dos Estados Unidos”, diz o USTr.

Para os centro-americanos, sobraram cotas sem a tarifa “proibitiva”. Começam com 99 mil toneladas métricas e, ao fim de 15 anos, chegam a 140 mil toneladas métricas.

Para comparação: a produção norte-americana é de 8,1 milhões de toneladas métricas.

Ou, como diz o USTr, “o acesso adicional ao mercado de açúcar por parte dos países centro-americanos, no primeiro ano do acordo, equivale a cerca de um dia da produção da indústria de açúcar dos EUA”.

Tudo bem que o mercado norte-americano é portentoso, que qualquer país do mundo adoraria ter livre acesso a ele etc. e tal. Mas é ilusão supor que eles o entreguem de mão beijada a quem quer que seja.

Mesmo assim, há setores no Brasil que acham que o país deveria abrir seus serviços ou suas compras governamentais em troca de maior acesso ao mercado dos EUA.

É uma opinião respeitável. Mas é igualmente respeitável a visão do chanceler Celso Amorim: “Nós temos um bem valioso que é o nosso mercado. Acreditamos que, por si só, é suficientemente atraente para dispensarmos concessões em outras áreas”.

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