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Açúcar ficou de fora do boom das commodities

Foto: JornalCana/Arquivo

O açúcar foi a única commoditie analisada no Boletim Sucroalcooleiro de maio do Ceper Fundace que não se beneficiou do boom das commodities no mercado internacional a partir de 2005.

O seu valor real chegou a apenas 68% no final de 2017, em relação ao que era em 2005, o que mostra uma dinâmica distinta das demais commodities exportadas pelo Brasil.

No boletim, os preços das commodities selecionadas (metais, combustíveis, petróleo (óleo cru), café, açúcar (eixo direito) e soja foram equilibrados para uma mesma base 100 em 2005. Ao longo do período analisado (de 2005 a 2017), o valor chega a bater 110 (em 2008), mas logo sofre uma queda, mantendo uma variação entre 70 e 90, até chegar próximo de 70 em 2017.

Já o café, soja, minérios e combustíveis, de 2005 até a primeira metade de 2008, antes da Crise Econômica Mundial, passam por um primeiro boom de commodities com forte elevação nos preços.

O segundo momento de ascensão vai de 2009 ao primeiro semestre de 2011 para café e minérios, e até 2012 para soja, combustíveis e petróleo. Embora no período final da série, em 2017, os preços de todas commodities tenham caído, variando de 110 para petróleo a 270 para café, ainda assim ficaram acima da ‘base 100’ inicial. Com exceção do açúcar, que terminou 2017 em 68.

Exportação

A soja, o minério de ferro e óleos brutos de petróleo são os produtos com maior expressividade na pauta exportadora. O açúcar bruto disputa com o café a quarta colocação.

Em relação à quantidade de açúcar, foram exportadas 24,89 milhões de toneladas em 2017 ante a 24,91 milhões no ano anterior. A participação do açúcar refinado é menos significativa, estando abaixo de 6% em todos os anos analisados.

No acumulado de 2018, o açúcar bruto aparece com uma participação de 4,73% e o refinado com uma participação de 1,6%.

Como já discutido em outras edições desse boletim, a imposição de aumento nas tarifas de importação pela China, principal importadora do produto, podendo ser substituída pela Indonésia este ano, pode ser um entrave para o desempenho das exportações brasileiras de açúcar.

Produtividade

O boletim Sucroalcooleiro de maio também estudou a produção de cana-de-açúcar por hectare, entre 2000 e 2016, na região metropolitana de Ribeirão Preto, estado de São Paulo e Brasil. A região de Ribeirão produziu no período uma média de 81,9 toneladas de cana-de-açúcar por hectare.

O resultado, acima da média nacional (74) e do estado de São Paulo (80,3), revela a importância da região, que se destaca no nível de investimentos em tecnologia agrícola.

A pesquisa do Ceper também apresenta a evolução da produção total de açúcar em mil toneladas. Na comparação das safras de 2015/2016 e 2016/2017, houve aumento da produção de açúcar em todas as regiões analisadas: Brasil (14,47%); Centro-Sul (14,11%); Norte-Nordeste (18,76%); e São Paulo (12,43%).

Em quantidade, a produção brasileira de açúcar alcançou 38,7 milhões de toneladas na safra 2016/2017, sendo de 35,6 milhões na região Centro-Sul, com o estado de São Paulo responsável por 24,2 milhões de toneladas.

Trajetória ascendente

No estudo da evolução da produção total de etanol (em mil m³), os dados mostram uma trajetória ascendente da produção nas safras que vão de 2000/2001 a 2008/2009.

A partir de então, a produção sofreu oscilações. Assim como verificado no açúcar, destaca-se a participação majoritária da região Centro-Sul no total produzido pelo País, bem como o estado de São Paulo. No entanto, nas últimas três safras, a participação paulista se reduziu para menos de 50%.

Os dados dessa edição do Boletim Sucroalcooleiro revelam bons resultados da safra de cana de 2016/2017. Para a safra 2017/2018, dados do último levantamento da Conab apontam queda de 3,6% da produção de cana em relação à anterior.

Essa redução da produção acompanha a queda verificada na área colhida, para a qual o levantamento aponta uma perda de 3,5% ante a safra de 2016/2017, atingindo 8,73 milhões de hectares.

A produção de etanol se manteve praticamente estável, atingindo 27,76 bilhões de litros. Por outro lado, a produção de açúcar apresentou uma redução de 2,1%, alcançando 37,87 milhões de toneladas.

“A menor quantidade de cana disponível e a queda dos preços no mercado internacional são os fatores apontados para a redução da produção de açúcar”, comenta o pesquisador do Ceper e coordenador do Boletim Sucroalcooleiro, Luciano Nakabashi.

“A manutenção desse clima por um período prolongado é um fator preocupante para o rendimento da safra, dado que a ausência de chuva compromete o crescimento da cana que se encontra em desenvolvimento”, explica Nakabashi.
Para a safra 2018/2019, as projeções da consultoria Canaplan apontam uma produção de açúcar inferior a 30 milhões de toneladas na região Centro-Sul, abaixo do obtido nas safras anteriores.

A tendência de alta de preços da gasolina estimula o consumo de etanol e sinaliza um favorecimento da alocação da cana para a produção do combustível. Para a próxima safra, as projeções apontam uma produção de cerca de 26,6 bilhões de litros.

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