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Açúcar fica 42% mais caro em sete meses

De janeiro a agosto, o preço do quilo de açúcar só tem aumentado. O último levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, em janeiro, o consumidor recifense precisava desembolsar R$ 3,39 para levar três quilos do produto para casa (quantidade prevista em uma cesta básica). No mês passado, após aumentos sucessivos, esse valor chegou a R$ 4,83, um encarecimento de 42,47% em apenas sete meses. Ruim para o consumidor, bom para os empresários do setor sucroalcooleiro do Estado que, na iminência de começarem a moagem da safra 2009/2010, comemoram a evolução dos preços no País e o bom momento nos mercados internacionais.

Os motivos para o atual cenário vêm de longe. A Índia, maior produtor mundial, sofreu nos últimos meses com períodos de secas seguidos de chuvas em abundância, que provocaram inundações nas plantações de cana-de-açúcar. Com isso, o país que era o grande exportador do mundo, terá que importar produto em 2009. A situação gerou um déficit de açúcar de oito milhões de toneladas no planeta, fazendo com que especialistas acreditem que o novo patamar de preços só sofra alterações para baixo daqui a um ano e meio. Além disso, outros países deverão buscar novos locais para comprar açúcar, estando na mira o Brasil e, consequentemente, a Região Nordeste.

Com menos oferta, o preço do açúcar – produto considerado commodity por ser de largo consumo mundial – acaba por influenciar o valor cobrado no supermercado ou na mercearia. Para se ter uma ideia, a cotação do açúcar refinado está 72,16% maior na comparação anual na Bolsa de Valores de Londres, na Inglaterra, e o chamado VHP (açúcar em estado bruto) está valorizado em 83,17% na Bolsa de Nova Iorque. Hoje, o saco de 50 quilos está custando entre R$ 55 e R$ 60 para o produtor, algo em torno de R$ 1,10 o quilo. Como passa pelo distribuidor ou atacadista e depois pelo comerciante para então chegar ao consumidor, esse valor aumenta para R$ 1,61, preços registrado pela última pesquisa mensal do Dieese.

O início da safra em Pernambuco termina por ser a esperança em ver os preços locais baixarem um pouco. A previsão é que as usinas do Estado produzam 1,65 milhão de toneladas, sendo que 790 mil toneladas serão destinadas ao mercado interno. “Assim, é possível que ocorra um barateamento do açúcar dentro do Estado com o aumento da oferta”, explica o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha.

Enquanto isso, cada um dá o seu jeito de contornar o aumento. Dona de uma lanchonete no bairro de Santo Amaro, Luciene Araújo promoveu cortes na quantidade de açúcar mensal que normalmente comprava. Antes das altas sucessivas no preço, adquiria 30 quilos por semana. O açúcar é usado nas suas receitas de bolos e nos sucos que comercializa. Agora, no entanto, são 20 quilos semanais, dez a menos, que lhe custam algo em torno de R$ 130 por mês. Só para pagar o que gasta com açúcar tem que vender entre 80 e 120 copos de suco, que saem por R$ 1 ou R$ 1,50, dependendo do sabor.

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