JornalCana

Açúcar: excesso de produção foi a tônica dos debates

O discurso do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, durante o Sugar Dinner, realizado na sexta, resumiu, em poucas palavras, o principal assunto das conferências, encontros e discussões realizadas durante toda a semana que passou: o excesso dos estoques mundiais e formas de reduzí-lo.

Rodrigues conclamou o setor a diversificar a produção a partir da cana, aumentando a oferta de álcool, como uma saída para não pressionar de forma considerável os preços do açúcar.

Durante a semana, que reuniu mais de 1 mil participantes, dos quais cerca de 500 estrangeiros, o presidente da Organização Internacional do Açúcar (OIA), Peter Baron, alertou para o tamanho dos estoques mundiais, em torno de 18 milhões de toneladas, a maior já registrada na história.

Segundo Baron, contudo, estes estoques seriam absorvidos normalmente se, durante três safras, não fosse registrado crescimento na oferta. Porém, isto é difícil de acontecer já que existe um bom aumento na produção de açúcar no mercado mundial, não apenas vindo do Brasil mas de outras origens, como Tailândia, Índia e China.

A situação do Brasil é, contudo, ainda privilegiada devido ao baixo custo de produção que deixa o setor em uma situação mais confortável em relação aos demais produtores. Porém, segundo a Única, o Brasil terminará a atual safra com estoques de passagem de 790 mil toneladas de açúcar e 710 milhões de litros de álcool.

Com a expectativa de que a próxima safra brasileira registre novo recorde e com pouca perspectiva do crescimento na demanda, o mercado começa a olhar para novos caminhos para escoar a produção, a maior deles passa pelo aumento na produção do álcool.

O fato é que, nas discussões que foram realizadas na semana, o sentimento é de que as alternativas de escoamento do álcool não teriam um resultado rápido a curto prazo.

Uma exportação expressiva para o Japão ainda demoraria alguns anos, assim como um crescimento das vendas dos veículos bicombustíveis (ou flexi-fuel) no mercado interno brasileiro. Até lá, disse o responsável a nível mundial pelos negócios de açúcar da Cargill, Jonathan Drake, os preços do açúcar devem ficar mais pressionados. “Mas o setor está bem capitalizado e ninguém que está participando do Sugar Dinner parece estar precisando de dinheiro, não é?”, disse.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram