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Açúcar e álcool garantem alta do emprego na indústria paulista em janeiro

SÃO PAULO – As contratações das usinas de cana de açúcar e álcool sustentaram um ligeiro aquecimento no nível de emprego da indústria paulista em janeiro, que cresceu 0,86% ante o mês de dezembro. Conforme levantamento da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), entretanto, essa expansão seria de apenas 0,26% caso fossem excluídas as vagas abertas pelos setores de alimentos e bebidas (que inclui a produção de açúcar) e de produção de álcool e outros combustíveis, onde o emprego cresceu 3,75% e 2,16%, respectivamente, no mês passado.

“A indústria está esquentando os motores”, diz Feres Abujamra, diretor-adjunto do Departamento de Economia da Fiesp. Ele ressalva, no entanto, que grande parte desse resultado se deve ao setor sucroalcooleiro, que tem uso intenso de mão de obra e continua se expandindo no país, devido, principalmente, ao aumento da demanda por álcool. Só no ano passado entraram em atividade no estado 12 novas usinas, sendo que em 2007 está previsto início das operações de outras 17 unidades, segundo cálculos da Fiesp.

O levantamento demonstra ainda uma forte recuperação em relação a dezembro, quando o emprego apurou baixa de 2,52% (conforme números revisados pela entidade), resultando em fechamento de 53 mil postos de trabalho. Apesar das contratações de janeiro no setores de álcool e açúcar, Abujamra está reticente em relação à uma possível antecipação da safra de cana neste ano. Em 2006 ela foi adiantada de maio para abril. “Depende dos estoques, mas há indicação de que devem durar até maio”.

As vagas abertas no mês passado seriam, portanto, apenas um impulso inicial, mas tímido em relação ao volume de contratações de trabalhadores para a colheita de cana no pico da safra. Para este mês, por exemplo, o dirigente não aposta em aumento do emprego, devido ao feriado de Carnaval e o número reduzido de dias úteis. “Além disso, há muito setores estocados”, acrescenta

Feres voltou a criticar hoje a política monetária vigente, atribuindo o fraco desempenho do emprego aos juros altos, à tributação excessiva e ao câmbio desfavorável. ” Os juros pesam muito e o alto nível de tributos em relação aos países que concorrem com a nossa indústria diminui a competitividade (local e internacional) e afeta o emprego”, disse.

Ele mencionou ainda o descompasso entre a iniciativa do governo de lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a decisão do Banco Central de diminuir o ritmo de corte da taxa Selic, de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto, no encontro de janeiro. Para Abujamra, essa política continuará dando respaldo para a desvalorização do dólar frente ao real, bem como desestimulando os investimentos no país.

“Essa história de 5% (de crescimento do PIB) é muito bonita em discurso, mas estamos vendo que é improvável. Não fecharemos o ano com alta acima de 3,5%”, disse. Com essa expansão modesta da economia, o dirigente estima que o nível de emprego industrial no estado deva ficar entre 0,5% e 1%. No ano passado o indicador fechou com baixa de 0,26%, com fechamento de 5 mil vagas.

(Bianca Ribeiro | Valor Online)

http://www.valor.com.br/valoronline/Geral/brasil/indicadores/Acucar+e+alcool+garantem+alta+do+emprego+na+industria+paulista+em+janeiro,,,27,4145996.html

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