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Açúcar e álcool em boa fase

Durante o Seminário Internacional do Açúcar e do Álcool, realizado esta semana em São Paulo, o consultor Plínio Nastari, da Datagro, um dos organizadores do evento, disse que a desregulamentação do setor sucroalcooleiro, ocorrida no final dos anos 90, fez as exportações brasileiras saltarem de 8% para 40% da produção. Este crescimento do Brasil no mercado internacional fez a vida de todos no setor sucroalcooleiro se alterar drasticamente, abrindo novas possibilidades até então não imaginadas, disse.

Com a vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) no painel aberto há três anos contra a União Européia, a participação do setor brasileiro está prestes a mudar de novo, abrindo mais portas e possibilidades. A vitória na OMC contra os subsídios da União Européia amplia a força brasileira em um momento em que seus tentáculos também estão presentes na diversificação do setor, através da produção de álcool e da co-geração de energia, que deverão ser alavancadas pelo protocolo de Kyoto. Ao lado da ampliação do mercado para venda de seus produtos, o setor avança também na venda de tecnologia.

Apesar dos efeitos da decisão da OMC começarem a surtir efeito apenas no médio prazo, o maior grupo açucareiro do mundo já está de olho no Brasil. A gigante alemã Südzucker, que possui cerca de 50 empresas espalhadas por toda a Europa, já anunciou que está procurando oportunidades para investir no Brasil. Será o primeiro investimento da empresa fora da União Européia em açúcar. A Südzucker é a maior empresa do mundo na área de açúcar, com faturamento anual de 4,9 bilhões e produção, em 2004/2005, de 5,1 milhões de toneladas. O CEO da Südzucker, Theo Spettman, informou que o crescimento das exportações brasileiras, responsável por cerca de 26% do comércio mundial de açúcar, é um atrativo para a Südzucker. O Brasil é um dos poucos exportadores que consegue vender açúcar no mercado mundial com lucro, disse.

O diretor da KPMG, Luiz Lopes, afirmou, recentemente, que as fusões e aquisições do setor sucroalcooleiro devem voltar a crescer este ano, principalmente pelo interesse de empresas internacionais. Os grupos Louis Dreyfus, Tereos e Sucden foram os primeiros a investir no setor sucroalcooleiro nacional.

A busca dos estrangeiros faz sentido. Apenas a receita das exportações de açúcar cresceu 23% entre 2003 e 2004. E, no primeiro trimestre de 2005, a receita com as exportações aumentou 60%. O setor começa a colher, agora, os primeiros frutos de seus investimentos no álcool. As exportações do produto vêm se mantendo em níveis elevados, com expectativa de vendas externas de mais de 2 bilhões de litros em 2005. No mercado interno, a expectativa é de que até meados do ano que vem, 90% dos novos veículos já sejam bicombustíveis.

Na conquista de novos mercados para o álcool, o governo brasileiro vai visitar o Japão, em missão chefiada pelo presidente Lula. O objetivo é conquistar o mercado japonês de álcool, estimado em 1,8 bilhão de litros com a adição de 3% de etanol à gasolina.

O governo brasileiro também está oferecendo ajuda tecnológica na produção de álcool para as nações caribenhas. Uma missão da China veio recentemente ao Brasil, também buscando conhecer a tecnologia do álcool. Produzindo atualmente cerca de 1 bilhão de litros de álcool de milho, a China já está introduzindo um programa de utilização de combustíveis renováveis e quer produzir álcool a partir da cana.

O Brasil também já lidera o mercado de crédito de carbono, ainda em gestação. Segundo o economista Leonardo Bichara, da Organização Internacional do Açúcar, o Brasil possui 14 projetos que estão sendo estudados de co-geração de energia por meio do bagaço, que o colocam na posição de líder mundial de projetos de co-geração. No total, esses 14 projetos existentes até o momento projetam uma redução, em 7 anos, de 3,3 milhões de toneladas de emissão de carbono.

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