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Acordos pró-Alca devem avançar, diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse ontem que as negociações para a implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) poderão “avançar rapidamente” a partir de agora, passada a eleição americana, “mas sem colocar a pressa à frente do conteúdo”.

Amorim fez duas ressalvas à retomada da Alca: o Brasil considera que a prioridade é a OMC (Organização Mundial do Comércio) e só aceita discutir a partir do formato acertado no fim do ano passado, em Miami, permitindo negociações paralelas entre países.

“Não temos nada contra acelerar, desde que [as negociações] sigam nos trilhos que nós propusemos e que eles [americanos] aceitaram em Miami”, disse. Na véspera, o embaixador dos EUA, John Danilovich, havia dito a jornalistas brasileiros que, “antes do final do ano, a Alca vai acelerar”.

O próprio presidente norte-americano George W. Bush, 58, deve ir ao Chile nos próximos dias 19 e 20 para retomar negociações comerciais entre os EUA e a América Latina, o que inclui a Alca.

A entrevista de Amorim aconteceu depois da reunião de chanceleres e antes do início do encontro, ontem e hoje, de 12 dos 19 presidentes do Grupo do Rio, que agrega países latino-americanos das três Américas. Participam os presidentes do Brasil, Venezuela, México, Costa Rica, Uruguai, Guiana, República Dominicana, Colômbia, Chile, Peru e Bolívia. O da Argentina, Néstor Kirchner, chega hoje. Há a expectativa de encontros bilaterais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Kirchner, com Vicente Fox (México) e Alejandro Toledo (Peru).

Ontem, logo cedo, Hugo Chávez, da Venezuela, correu na praia de Copacabana. Mais tarde, Fox nadou na piscina do hotel Copacabana Palace, e Alvaro Uribe, da Colômbia, fez caminhadas.

Impasse na Alca

Apesar de a retomada da Alca não estar na agenda do encontro, Amorim destacou que, no início deste ano, houve uma tentativa de estreitar os acordos pró-Alca, e “o período eleitoral prejudicou os avanços nas negociações”. Segundo ele, houve ainda uma decisão tanto do Brasil como dos EUA de “concentrar a atenção na OMC”.

Em resumo, o formato que o Brasil aprova é de uma “Alca light”, em que haveria um acordo-base comum, possibilitando negociações paralelas que atendessem aos interesses particulares de cada parceiro. Uma “Alca à la carte”, diz Amorim. Ele frisou que as negociações com a OMC são “as mais prioritárias, as fundamentais”, e fez um jogo de palavras: “Você, na sua vida, faz coisas que são importantes, mas que não são a prioridade primeira”.

Depois, definiu qual o interesse brasileiro ao ampliar o debate comercial: “O que buscamos é a eliminação de subsídios e das grandes distorções do comércio mundial, que só serão superadas na OMC”. E recorreu a dois exemplos recentes de negociações comerciais favoráveis ao Brasil na OMC: “O resultado do algodão não ocorreria na Alca nem o do açúcar sairia de uma negociação bilateral com a União Européia”.

Ele tentou mostrar como a disposição em relação à Alca mudou com o governo Lula: “Quando entramos, as pessoas nos perguntavam quando o Brasil iria entrar para a Alca, como se a Alca fosse uma coisa pronta. Não é. A Alca vai ser aquilo que os países que negociam definirem que ela será”.

Questionado sobre se não havia “uma frustração” com o impasse nas negociações entre Mercosul e União Européia, respondeu: “É o mesmo caso. Não pode haver um acordo a qualquer preço. Como estava, o acordo não seria favorável ao Mercosul, como reconheciam até setores empresariais”.

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