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Acesso é exemplo de atraso e ineficiência

Por falta de espaço e infra- estrutura, os caminhões param em filas triplas até que sejam autorizados a desembarcar as mercadorias. Isso pode significar horas ou até dias parados. Além disso, carretas, veículos de passeio e trens de carga disputam o mesmo espaço e provocam enormes congestionamentos.

O motorista Jucemar Luiz da Silva, de 48 anos, por exemplo, chegou a Santos na Quarta feira às 7 horas da noite, e só conseguiu descarregar o caminhão com sacos de açúcar na quinta-feira, às 14h30. Apesar da lentidão do trânsito, o que mais incomoda o motorista é a falta de infra-estrutura. Na entrada do porto, diz ele, falta banheiro com chuveiro para tomar banho e lugar para comer.

“Além disso, a segurança é precária. Já me roubaram aparelho de CD e rádio amador. Não podem os deixar o caminhão sozinho.” O diretor comercial e de desenvolvimento da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Fabrízio Pier Domênico, reconhece que a infra-estrutura é um ponto fraco no Porto de Santos. Segundo ele, o plano de construir duas perimetrais, nas margens direita e esquerda, e um estacionamento pode acabar com o caos do tráfego de veículos pesados e de trens.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), Sérgio Salomão, o que houve em Santos foi a falta de planejamento ante a expansão do comércio exterior brasileiro. Isso provocou uma confusão de escoamento de cargas que prejudica a eficiência dos terminais, diz ele. “Não se pode Ter armazéns que operam cargas diferentes, como graneleiros e contêineres, um ao lado do outro.” Salomão refere-se ao crescente movimento de grãos exportados por Santos.

Em quatro anos, o volume de exportação de açúcar, soja em grãos e farelos aumentou, respectivamente, 159%, 83% e 153%.

A tendência é que esse volume continue aumentando de forma expressiva. Há planos para a construção de um terminal de grãos, o TGG, para movimentar 5 milhões de toneladas de grãos e 2 milhões de toneladas de fertilizantes.

A árdua disputa por um dia de trabalho

Munidos de senha, autônomos enfrentam uma desgastante e rotineira seleção da mão-de-obra portuária

O Estado de S. Paulo – Continuação

São 12h30 e faltam 15 minutos para o começo de mais uma “parede”– nome dado para o recrutamento diário de trabalhadores portuários. Em questão de minutos, o precário espaço cercado com telas de arame fica lotado.

De repente, começa a seleção. Todos correm para a frente de um palanque improvisado onde representantes do Órgão Gestor de Mão-de-Obra de Santos (Ogmo) anunciam quem foi escolhido para trabalhar noturno e quem terá de esperar pelo próximo, às 18h45.

O método é simples. Cada trabalhador tem uma senha. Como o número de pessoal é maior que as vagas oferecidas no porto, o Ogmo faz rodízio para tentar atender a todos. Mas, durante a seleção, se houver alguma desistência ou se algum trabalhador não estiver presente, aqueles que não foram selecionados têm a chance de se oferecer para conseguir trabalhar.

Embora proibido, segundo o Ogmo, a prática persiste. Com a carteirinha e a senha em mãos, eles ganham a vaga no grito. Mas também depende do representante da entidade que simplesmente retira, aleatoriamente, no meio da multidão, a carteirinha de um estivador.

Pronto. Este terá trabalho garantido por um turno de seis horas. No dia seguinte, a rotina é a mesma: esperar mais uma seleção ou torcer pela desistência de algum companheiro. Para quem não está acostumado, o recrutamento chega a parecer degradante, com os trabalhadores implorando por uma vaga.

Mas essa é uma tradição no porto, garantem os estivadores. Segundo o gerente operacional do Ogmo, Nelson Domingos de Giulio, hoje há 9.060homens registrados e cadastrados na entidade.

Em1996,eram16mil,diz ele. Com a modernização dos terminais, as oportunidades de trabalho foram rareando, afirma o estivador Jorge Silva Queiroz, de 52 anos, 25 deles trabalhando no sistema portuário. “Fazemos acrobacias para sobreviver. Tem dias que venho aqui quatro vezes e não consigo nenhuma vaga. Mas às vezes dou sorte”, comenta ele, um pernambucano, pai de quatro filhosequemoraemSantoshá45 anos. Na parede das 12h45 da quinta-feira, infelizmente ele não teve sorte e foi embora sem conseguir uma vaga. Mas prometeu voltar mais tarde. Todos os dias o Ogmo organiza quatro recrutamento sem vários locais espalhados pelo porto.

Os trabalhadores reclamam da falta de segurança para trabalhar, dizem que os novos equipamentos exigem mais cuidados e que o número de trabalhadores para fazer o serviço vem reduzindo drasticamente.

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