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[EDITORIAL 272] Acelerar ou frear, eis a questão!

Olhando o cenário que se vislumbra positivo para o setor nos próximos três anos, muitos dos empresários são tentados a acelerar nos investimentos, seja em expansão da produção ou até em aquisições, como fez recentemente a CMAA, que adquiriu a unidade Limeira D’oeste da americana ADM.

Após mais de sete safras de crise aguda, o que é fácil encontrar são ativos subavaliados por problemas estratégicos e ou financeiros, mas com excelente potencial operacional.

Ainda agora, mesmo em meio à crise política e de credibilidade pela qual passa o Brasil, não é difícil encontrar parceiros estratégicos interessados em investir em usinas, inclusive emergentes players internacionais.

Mas a estrada pode não ser tão tranquila quanto parece. Fantasmas persistem assombrando as usinas, como a instabilidade institucional brasileira, que vai muito além do impeachment de Dilma Rousseff. Aprofunda na falta de segurança quanto a questões intrínsecas ao bom andamento da atividade sucroenergética, como câmbio, preço da gasolina e da bioeletricidade oriunda da biomassa da cana.

Não é porque abriu um raio de sol que se pode esquecer a escuridão e as tempestades que têm marcado a viagem do setor com o governo federal nos últimos anos.

A qualquer momento a lógica da política pode se inverter e, novamente, quem vai pagar o pato são as usinas.
Outro fator que requer prudência são as mudanças no modelo de negócios das usinas, as quais ainda não viraram a curva de aprendizagem e podem impactar negativamente os resultados econômicos do setor.

Não é incomum ver bons planejamentos baseados em bons paradigmas do setor que foram surpreendidos pelo peso dos novos paradigmas. Atire a primeira pedra a usina que já conseguiu superar os velhos erros.
Quem quer acelerar precisa conhecer bem o estado e condições do seu veículo, bem como todos os desafios da estrada.

Um bom exemplo disso veio da Biosev, que anunciou em meados de agosto a contratação de hedge em um volume de 645 mil toneladas de açúcar, ao preço de 18,35 cUS$/lb, e um volume de US$ 178 milhões, ao preço de R$ 3,692/US$. Esse volume representa 40% da exposição da Biosev para a safra 17/18, sendo que os preços do açúcar superam em 26% os preços da safra atual.

Combina muito com uma frase que tenho repetido bastante: num mercado de commoditties como o nosso, a maior ousadia é insistir em ser prudente. Afinal, neste momento, acelerar fundo é para poucos!
Tenha uma excelente leitura.

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