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Abastecer carro com etanol nos EUA ainda é difícil

Abastecer o carro com etanol nos postos americanos ainda é uma tarefa difícil, segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo Wall Street Journal, apesar de a produção do álcool combustível ter disparado após o presidente George W. Bush ter pedido, no início do ano, um aumento de cinco vezes no uso de combustíveis de fontes renováveis até 2017.

“Apenas uma pequena fração dos postos de gasolina dos Estados Unidos permite que o motorista abasteça com etanol. Há uma série de razões para isso, mas a principal é a resistência das companhias de petróleo”, diz a reportagem.

Segundo o jornal, as companhias exigem que os postos que levam sua bandeira comprem delas todo o combustível que vendem. “Como as companhias de petróleo geralmente não vendem etanol, os postos também não podem vender, a menos que a companhia dê uma permissão excepcional e permita que elas comprem de outro fornecedor”, diz o texto.

Além disso, segundo o jornal, os contratos de franquia das companhias com os postos de gasolina muitas vezes limitam a propaganda do etanol e restringem o uso de cartões de crédito para pagar pelo combustível. “Alguns exigem que as bombas de etanol fiquem em um local separado”, acrescenta a reportagem.

Outro problema, segundo o diário, é que a demanda ainda é limitada a 5% dos carros que rodam hoje nas ruas americanas, reduzindo “o entusiasmo dos proprietários dos postos de gasolina para investir no equipamento necessário para oferecer o E85 (mistura de 85% de etanol com 15% de gasolina)”.

Com isso, menos de 1% dos 170 mil postos de gasolina do país tem estoques de E85. “Alguns especialistas dizem que para se firmar como uma alternativa à gasolina, o combustível precisaria estar disponível em cerca de 10% dos postos”, diz a reportagem.

Fidel e Chávez contra os biocombustíveis

O jornal espanhol La Vanguardia traz uma reportagem em sua edição desta quinta-feira na qual questiona as críticas dos líderes cubano, Fidel Castro, e venezuelano, Hugo Chávez, aos biocombustíveis.

“A credibilidade das críticas de Castro e Chávez está um tanto questionada, porque é mais do que conhecido que até pouco tempo atrás os dois estavam interessados em promover o uso do etanol”, relata a reportagem.

“Há até poucas semanas, Chávez promovia um projeto de cinco anos para cultivar cerca de 300 mil hectares de cana-de-açúcar para produzir etanol com o apoio técnico de Brasil e Cuba”, afirma o jornal.

Além disso, os governos cubano e venezuelano teriam firmado há um mês um acordo para construir 11 usinas de álcool na Venezuela, além da modernização de dez usinas em Cuba e a construção de outras oito baseadas nos métodos de produção brasileiros.

“Em agosto de 2006, a petroleira estatal venezuelana PDVSA firmou um acordo com a estatal brasileira Petrobras para abastecimento de etanol a longo prazo como substituto da gasolina”, acrescenta o diário espanhol.

Segundo o Vanguardia, os dois mudaram de posição por razões políticas, não ambientais, depois que Bush visitou o Brasil e assinou acordos com Lula para aumentar a produção de biocombustíveis.

Crise aérea

O também espanhol El País destaca em sua edição desta quinta-feira a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de rever a decisão de desmilitarizar o controle do tráfego aéreo, tomada durante a greve que “paralisou 80% dos aeroportos do país” na última sexta-feira.

A reportagem relata que durante a greve Lula impediu que os líderes fossem presos, deixando a Força Aérea sentindo-se desautorizada. Além disso, o governo anunciou uma negociação com os controladores de vôo e um decreto para a desmilitarização do setor.

“Diante da reação dos militares, em vez de receber os grevistas, Lula se reuniu com os representantes das três forças e, após escutá-los, voltou atrás, adiando indefinidamente o decreto, dando sinal verde para que a Justiça militar possa processar e prender os grevistas e deixando tudo de novo nas mãos da Força Aérea, que saiu vitoriosa”, diz o texto.

O jornal diz que primeiramente chegou-se a dizer que Lula, “ao impor sua afinidade sindicalista aos militares grevistas, tinha quebrado pela primeira vez o tabu do medo aos militares no Brasil”, mas que “a reação dos militares foi tão forte que ele considerou mais prudente voltar atrás”.

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