Mercado

A maior exportadora de açúcar orgânico do mundo é brasileira

Mais um grupo de capital nacional do agronegócio começa a despontar no cenário internacional. Desde 1997, a Native – braço do Grupo Balbo, da cidade paulista de Sertãozinho – produz açúcar orgânico na Usina São Francisco e exporta 90% da sua produção. São 23 mil toneladas, que respondem hoje por 60% do mercado global do produto que a Native vende a 27 países e resultou num faturamento de R$ 30 milhões em 2003.

Por trás do projeto está o agrônomo Leontino Balbo Junior, 40 anos, filho de um dos mais tradicionais usineiros paulistas, que em 6 anos transformou a Native na maior exportadora mundial de açúcar orgânico. Neste ano, ele espera vender 15% para o exterior.

A certeza vem de encomendas do produto por várias empresas, a exemplo da famosa rede americana Starbucks, que compra o açúcar orgânico Native para adoçar seus chás. Os negócios do ator americano Paul Newman na área de biscoitos e chocolates da marca Newman´s Own também adoçam os negócios de Balbo Junior.

“Na França, o açúcar orgânico vendido pela rede Carrefour é nosso. Muita gente não vê porque nesses mercados vigoram as marcas próprias”, diz ele. E revela que o açúcar orgânico sofisticadamente embalado pela British Sugar também é dele.

Balbo Junior reclama das barreiras no mercado americano, muitas “invisíveis”. “É o caso da concentração de supermercados, onde as margens são negociadas à exaustão e muitas vezes torna desinteressante a venda.” Ele cita como exemplo as exigências. “As grandes redes querem que o fornecedor entregue o produto nas lojas, não num depósito ou centro de distribuição.

Isso é loucura. Os custos são altos e muitas vezes os volumes são pequenos”.

Para quem aposta no crescimento do mercado global de orgânicos, estimado em US$ 24 bilhões por ano, Balbo ensina: é preciso investir em marketing e fugir de atravessadores. E qual o segredo da Native? “Conquistar o consumidor em pontos-de-venda menores, restaurantes, redes preocupadas com natureza, para depois ele exigir o produto nas grandes redes”.

Na produção do Native, o inimigo número um da cana-de-açúcar, a broca, é combatida com mosquitos, em vez de inseticidas e defensivos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária pesquisou os efeitos da agricultura orgânica na Usina São Francisco e concluiu que a biodiversidade é de 3 a 4 vezes superior à de áreas que usam o método tradicional. Foram estudados 7,5 mil hectares: aves e animais nativos voltaram ao ambiente e a vegetação nativa representa hoje 14% da área de cultivo (eram 5%). É esse o marketing com o qual a Native adoça os estrangeiros.

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