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A inspiração no ingazeiro

Expedito Parente é engenheiro químico, ex-professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e, segundo ele, o “inventor do biodiesel”. “Tive a felicidade de conceber o biodiesel, em 1977”, afirma Parente, que contesta os que atribuem a criação do combustível ao engenheiro alemão Rudolf Diesel, o inventor do motor diesel, em 1897. “Rudolf utilizou óleo de amendoim bruto em seu motor, que é diferente do biodiesel, concebido a partir de uma reação química com o etanol, chamada de “transesterificação”, argumenta.

Parente diz ter descoberto o biodiesel durante um dia de descanso em seu sítio, debaixo de um ingazeiro. “De repente, olhando para uma vagem de ingá, eu vi a molécula do biodiesel”.

O engenheiro colocou sua descoberta em prática no laboratório da UFC, em Fortaleza. “Utilizei óleo de algodão, que era o óleo que tinha, e depois fiz os primei-ros testes no motor”, afirma o engenheiro.

No entanto, apesar do entusiasmo de Parente, o projeto do biodiesel, de acordo com o cearense, foi praticamente ignorado pelo governo brasileiro, cujo único interesse na época era elevar a produção de álcool, por meio do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

Segundo Parente, seu invento foi patenteado mundialmente no início dos anos 80, mas, por falta de uso, caducou em 1991, exatamente na época em que os europeus, sobretudo os alemães, começaram a demostrar interesse pela tecnologia.

Mesmo desprezada no Brasil, Parente insistiu na tecnologia, a ponto de desenvolver, com respaldo de da Aeronáutica, um outro combustível: o “bioquerosene”, um queresone de aviação à base de óleos vegetais. De acordo com ele, essa invenção foi testada com sucesso em 23 de outubro de 1984, o Dia do Aviador, quando um Bandeirante fabricado pela Embraer e com o tanque carregado de “bioquerosene” levantou vôo em São José dos Campos (SP) em direção a Brasília.

No entanto, mais uma vez, não houve interesse pelo projeto do engenheiro, que diz ter procurado insistentemente a Petrobras.

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