Mercado

A exportação brasileira de etanol pode dobrar até 2013

O etanol é um dos produtos que vem ganhando espaço na pauta brasileira de exportações, e tem potencial para dobrar em volume e receita até 2013. Essa é a análise do consultor da União da Indústria Canavieira de São Paulo (Unica), Alfred Szwarc. “O mercado ainda é pequeno, está se desenvolvendo, mas vai atingir maturidade”, aponta. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, até agosto deste ano, o Brasil exportou 2,160 bilhões de litros (ultrapassando a marca dos US$ 500 milhões), contra os 2,6 bilhões no ano todo de 2005. Em dólares, foram exportados no ano passado cerca de US$ 585 milhões. Para 2007, a Unica projeta uma produção de 17 bilhões de litros, sendo que 3,1 bilhões serão destinados para exportação.

Atualmente, os Estados Unidos são os grandes compradores do etanol brasileiro. Até agosto, o país havia comprado cerca de US$ 450 milhões do produto, ou 1,3 bilhão de litros, considerado um recorde para o setor, mesmo com uma tarifa de 14 centavos de dólar por litro. “Os Estados Unidos foram obrigados a substituir o aditivo MTBE, produto que contaminava o solo, pelo etanol, e o Brasil saiu muito favorecido”, explica o consultor. Mas há outros potenciais mercados que podem favorecer o comércio nacional nesse sentido. Rússia, Índia, Coréia do Sul e Alemanha também podem entrar na lista em decorrência de necessidades e regulamentações internas.

O Japão é apontado como um dos promissores. O fato de depender praticamente 100% do petróleo faz com que a nação busque por outra alternativa energética. “O Brasil se dá bem com esses preços altos do petróleo, porque os países precisam deixar de depender do Oriente Médio e passar a utilizar outro mercado, no caso, o nosso”, explica José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Szwarc acrescenta, porém, que a estabilidade comercial com esse país, no quesito álcool combustível, só se dará efetivamente em 2010, em conseqüência da lei publicada em 2003, pela qual os japoneses podem misturar até 10% de etanol na gasolina, não ser obrigatória, e sim, facultativa. “Por enquanto, o Japão é muito bom comprador de etanol industrial e álcool para bebidas.”

No primeiro semestre de 2006, o Brasil contabilizou US$ 34 milhões em exportações do etanol para o Japão. Um dos entraves para o favorecimento dessas negociações é o atraso da indústria japonesa em efetuar as adaptações técnicas necessárias. O mesmo acontece nos Estados Unidos, com todos os obstáculos colocados pelas fábricas em Detroit (maior região norte-americana produtora de automóveis).

Ricardo Rose, diretor de Meio Ambiente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, afirma que o país ainda engatinha na questão da compra do etanol. Há um projeto de lei que pretende tornar obrigatória a mistura desse produto na gasolina, mas Rose afirma que não é tão simples, nem tão rápido. “Os alemães podem criar barreiras não tarifárias, como tentar investir em etanol feito a partir do trigo, mesmo sendo mais caro. O programa alemão de etanol é muito incipiente”, diz.

Ainda segundo o diretor, a Alemanha demonstra uma certa oposição, tendo em vista que ela não quer deixar de ser refém da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para depender de um grande fornecedor de etanol. Ricardo Rose conclui, porém, que se o projeto for aprovado, o Brasil tem condições de atender ao mercado alemão. “Não só a Alemanha, mas a Europa como um todo, é um potencial mercado, já que ninguém vai conseguir escapar da tendência de misturar etanol na gasolina. Mas isso é em longo prazo, só poderá se concretizar em torno de três a cinco anos”, aponta.

A tendência das exportações do etanol é positiva. Por ser um combustível renovável e não poluente, ele se torna um atrativo para os países desenvolvidos que precisam se acertar com as medidas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, principalmente. De acordo com José Augusto de Castro, o Brasil ainda não tem concorrente à altura nesse setor e, por isso, precisa aproveitar esse momento favorável.

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