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A dama do etanol

Patricia Woertz é uma americana de meia-idade que, durante um breve período de seis dias, descobriu algumas das delícias do Brasil. No final de agosto, ela conheceu o Teatro Amazonas, em Manaus, cavalgou nas proximidades da cidade paulista de Itu e almoçou arroz, feijão, frango e doce de leite numa fazenda em Querência, em Mato Grosso. Patricia, presidente da empresa americana de agronegócio Archer Daniels Midland Company, mais conhecida como ADM, foi embora encantada com as belezas naturais, com a diversidade da paisagem e sobretudo com as oportunidades de negócios que existem no Brasil. A ADM fatura 70 bilhões de dólares em todo o mundo, principalmente com o processamento de grãos. Uma das líderes mundiais nos mercados de biodiesel e etanol (feitos, respectivamente, de soja e milho), a companhia se prepara agora para colocar um pé num novo negócio, o de etanol feito de cana-de-açúcar. Aos 55 anos de idade, Patricia sabe que o lugar para levar adiante essa empreitada é o Brasil. “Esse é um passo lógico para quem quer ter as rédeas do mercado de biocombustíveis”, disse ela, em entrevista exclusiva a EXAME, sem revelar quanto pretende investir no país.

O que Patricia e a ADM vieram buscar na cana brasileira é a solução para um modelo de negócios que tem se mostrado cada vez menos promissor. A produção de álcool da companhia – assim como a de outras empresas dos Estados Unidos, onde as condições são desfavoráveis para a cultura canavieira – é baseada integralmente no milho, matéria-prima menos eficiente e que exige despesas 65% maiores na comparação com a cana. Ainda assim, os produtores americanos têm sobrevivido – por estar no maior mercado consumidor do mundo, por ganhar subsídios e por estar protegidos por uma taxa imposta pelo governo sobre importações de etanol. Há pouco mais de um ano, porém, a situação confortável mudou. Pressionado por ONGs que defendem o uso de terras agriculturáveis para a produção de alimentos, o Congresso americano definiu que até 2022 apenas 40% do consumo de biocombustível no país deve ser de etanol vindo do grão (hoje, esse índice é superior a 90%). Paralelamente, a demanda por etanol barato vem crescendo em regiões como China e União Européia – e os produtores americanos não conseguem ser competitivos mundialmente.

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