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A agronergia e os biocombustíveis

O Brasil e o mundo vão conhecer as novas aplicabilidades dos biocombustíveis. Entre elas estão as células combustível a hidrogênio, que já são produzidas na Cidade Universitária, em São Paulo, e na Unicamp, em Campinas, a partir de álcool hidratado. Além do bioquerosene, que o prof. dr. Expedito Parente começa a exportar para os Estados Unidos, a partir do início do próximo ano, para a Nasa e a Boeing.

No momento em que se volta a discutir a possibilidade de um “apagão”, a política de preços praticada pelo Proinfa para a cogeração de energia das usinas sucroalcooleiras precisa ser revista. Incentivos localizados para a agricultura familiar na política de produção de biodiesel, que inviabilizam a produção em escala industrial, também merecem uma discussão mais democrática.

Os riscos ambientais com a construção das novas usinas sucroalcooleiras e as novas plantas de biodiesel, a formação de cooperativas de produtores agrícolas, a migração dos produtores pecuários e de grãos para a cana-de-açúcar e a produção de matéria-prima de óleos vegetais também precisam ser discutidos à luz da racionalidade e da responsabilidade.

Qual o papel e os limites que os órgãos públicos devem exercer no setor? Como criar uma política que contemple os interesses dos movimentos sociais e dos produtores de biocombustíveis, que passam a ser produtores de energia, quando todos sabemos que energia concentra cada vez mais poder?

Portanto, quem pensava que os biocombustíveis se situavam apenas na segunda geração dos combustíveis, verá que eles já fazem parte da terceira geração, com menos riscos ambientais, maior eficiência e menor custos.

Curiosamente, estamos voltando ao princípio, pois em 1860, Nikolaus August Otto desenvolveu o motor de ciclo Otto usando etanol (álcool de milho), enquanto que Rudolf Diesel, no início do século passado, desenvolveu o motor diesel com biodiesel (óleo de amendoim).

Tudo isso será discutido na Feira Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis – Enerbio/2006, que acontece em Brasília de 27 a 29 de novembro e será vitrine da indústria de máquinas, equipamentos, insumos, serviços e tecnologia para a produção agrícola e industrial dos biocombustíveis.

Paralelamente à feira serão promovidos quatro grandes eventos, com o objetivo de discutir os cenários, as tendências e as perspectivas destes que são os setores mais promissores do agronegócio nacional e mundial: a Conferência Internacional dos Biocombustíveis – Grades Etanol e Biodiesel, o Seminário Internacional de Energias Renováveis, o Simpósio Brasileiro de Agroenergia e o Seminário de Agroenergia e Biocombustíveis para Gestores Públicos, este último em parceria com a Associação Brasileira dos Municípios (ABM).

A escolha de Brasília para o evento tem o objetivo de interferir e reforçar as mudanças que serão implementadas pelo próximo Governo Federal, decisivas para o planejamento estratégico deste setor, que cresce em ritmo acelerado e não sofre as crises que hoje assolam outros segmentos do agronegócio brasileiro.

Pela primeira vez, representantes de governos de vários países, empresários, pesquisadores, cientistas e lideranças se reúnem para discutir os rumos que os biocombustíveis devem seguir. É inevitável que sejam levantadas opiniões e teses contraditórias, assim como a revisão de alguns conceitos.

kicker: Os riscos ambientais da construção de novas usinas e plantas de biodiesel devem ser discutidos à luz da racionalidade

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 11)(Ronaldo Knack – Ronaldo Knack é Jornalista e promotor da Feira Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis; site www.enerbio.com.br; e-mail ronaldo@enerbio.com.br)

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