O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, prevê para 2005 um “universo desagradável” para as commodities agrícolas, com aumento de custos de produção e queda dos preços internacionais. “A expectativa em relação ao ano que vem é de redução dos preços das commodities, caso de soja, milho, arroz, trigo e algodão, mas não forte, dependendo de como vão agir os mercados”, disse ao chegar em São Paulo para participar do 24º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex).
Ele não quis, entretanto, dimensionar o volume de perdas financeiras dos agricultores. “Seria totalmente adivinhação dizer quanto seria a perda. Temos de esperar ainda os mercados se manifestarem e isso só vai acontecer a partir de fevereiro, quando a safra brasileira ficar caracterizada, junto com a da Argentina, Paraguai e Uruguai”.
Segundo o ministro, em relação ao ano passado, os custos de produção aumentaram 20%, em média, puxados pelas altas de preços de petróleo e do aço no mercado internacional. Por outro lado, Rodrigues vê “sinalização positiva” para os mercados de açúcar e etanol, biodiesel, café e suco de laranja.
Dessa maneira, o ministro descartou o risco de a balança comercial brasileira ser comprometida em 2005, já que a previsão do Ministério é de aumento do volume de exportações, puxado por uma safra agrícola maior, recorde em soja. “Há também absoluta garantia de suprimento do mercado interno”.
Álcool – O ministro disse ainda que o abastecimento de álcool no mercado nacional, em 2005, está “absolutamente tranqüilo”. “A moagem de cana, até 15 de novembro, já está igual a do ano passado e há uma grande quantidade de usinas que ainda moerão até meados de dezembro”, disse.
Ele comentou que as recentes altas de preços de açúcar, e sobretudo de álcool, levaram produtores a concentrar a moagem desse final de ano no combustível, algo a reforçar sua avaliação de garantia de abastecimento do mercado interno. Com isso, o ministro insistiu ser improvável a possibilidade de redução da mistura de etanol à gasolina. “O setor está exportando, esse ano, 1,8 bilhão de litros de álcool, mais do que o dobro do ano passado, e o consumo interno cresceu mais de um bilhão de litros no ano e estamos tranqüilos em relação ao abastecimento graças à grande produção desse ano”, argumentou.