Cinco membros importantes da Organização Mundial do Comércio (OMC) — Estados Unidos, União Européia, Brasil, Austrália e Índia — concordaram ontem, após horas de duras negociações, com os princípios que podem abrir caminho para um pacto de livre comércio, disse um dos líderes da negociação.
— Isso torna mais próxima a possibilidade de um acordo (total na organização) — disse um representante que participou das reuniões.
Os cinco são considerados representantes com ampla variedade de interesses comerciais dentro do organismo formado por 147 países.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que o acordo “vai de alguma maneira em nossa direção (dos países em desenvolvimento)”, mas não deu detalhes.
Um acordo entre os cinco integrantes é considerado essencial para qualquer chance de progresso na abertura do comércio global e no incentivo à economia mundial. A OMC estabeleceu a meia-noite de hoje como fim do prazo para fechar um acordo em áreas essenciais — bens agrícolas e industriais, serviços e um novo código alfandegário —- na tentativa de reativar as abaladas negociações da Rodada de Doha.
Alguns membros, como a Suíça, suspeitam da liderança dos cinco e advertiram que não vão aderir a acordos apenas porque é o desejo das grandes potências comerciais. O representante, que se recusou a dar detalhes, disse que as idéias aceitas pelos cinco cobrem todos os pontos do texto da disputada reforma agrícola, considerada vital para o pacto geral.
EUA e UE mantêm sigilo sobre o teor do acordo
Tanto EUA quanto UE foram reservados em seus comentários, já que os “cinco grandes“ não querem ser vistos como determinadores da decisão final.
— Acreditamos ter fornecido ao (Tim) Groser uma orientação política — afirmou o porta-voz da UE em Genebra Fabian Delcros, referindo-se ao diplomata neozelandês, mediador das negociações agrícolas.
— O encontro foi útil e bom — disse Rich Mills, porta-voz do representante comercial dos EUA, Robert Zoellick.