O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse hoje que os governos dos países do Mercosul estão dispostos a adotar um sistema de cotas de importação de veículos produzidos pela União Européia (UE), como mais uma iniciativa para tentar viabilizar o acordo de livre comércio entre as duas regiões. O ministro não informou qual volume de veículos a proposta do Mercosul pretende contemplar.
“Ao invés de reduzirmos tarifas, o Mercosul estuda oferecer cotas de importação de veículos europeus, como a UE apresentou cotas para nossos produtos agrícolas”, disse o ministro, em entrevista, após participar do ´Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2004´, em Stuttgart, na Alemanha.
Segundo o ministro, as negociações entre os dois blocos têm avançado para o acordo ser firmado até a data de 31 de outubro, estabelecida como meta pelos dirigentes. “Estamos na reta final, mas algumas melhorias ainda podem ser feitas”, disse Furlan, ao lembrar que a lista de produtos passíveis de livre comércio já atingem 9,4 mil itens. O maior entrave, entretanto, continua sendo os subsídios agrícolas concedidos pelos europeus e as proteções sul-americanas impostas aos seus setores mais sensíveis, caso do segmento de serviços.
Os alemães são contrários à concessão de subsídios agrícolas oferecidos principalmente pela França e novos países recentemente ingressos à UE, caso da Polônia. “Não gostamos de ver o assunto de investimentos agrícolas na pauta de debate porque só servem para conceder subsídios e manter algo que já existe. Investimento deveria ser para aquilo que é novo”, opinou o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI, sigla em alemão), Michael Rogowski. “Mas os pontos críticos continuam sendo as barreiras tarifárias dos dois lados”, ressalvou.
O vice-ministro da Economia e do Trabalho da Alemanha, Ditmar Staffelt, cobrou dos membros do Mercosul a apresentação de novas propostas para os setores de serviços e bens industriais como forma de pressionar os europeus a cederem. “A Alemanha tenta explicar a situação do Brasil e do Mercosul à UE, mas os estados-membros também têm seus interesses. Seria importante um movimento do Brasil para a abertura para prestação de serviços e bens industriais para que possamos exercer nossa força e pressão na UE para melhorar a proposta na agricultura”, salientou.