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Clima prejudicou as lavouras de cana

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, disse ontem, em Araçatuba, que a safra de cana-de-açúcar, a ser colhida a partir de abril ou maio no Centro-Sul do País, deverá crescer bem menos do que os 7% a 9% estimados inicialmente.

Antigo produtor de cana em Guariba, interior paulista, o ministro afirmou que a quebra na safra é conseqüência das condições climáticas. Segundo ele, faltou chuva em dezembro e choveu demais no início do ano. “A cana precisa de água e de luz para crescer. Mas, quando teve luz, faltou água e, quando teve água, faltou iluminação”, disse Rodrigues.

Aos usineiros e produtores de cana presentes na segunda edição da Feicana – Feira de Negócios da Agroindústria Sucroalcooleira, evento que termina hoje em Araçatuba, Rodrigues afirmou que a colheita não acompanhará o crescimento de 9% da área plantada. Segundo ele, além da quebra da safra, em torno de 5%, deverá haver queda no rendimento industrial, de 2%, devido à redução do teor de sacarose na matéria-prima. No total, a produção de açúcar e álcool deverá crescer só 1% ou 2%, declarou o ministro.

Fantasma da escassez

Para acalmar os empresários do setor sucroalcooleiro – que têm um estoque de 1,5 bilhão de litros de álcool e de 1,5 milhão de toneladas de açúcar -, Rodrigues disse que “não há fantasma atrás da porta”. Lembrando a escassez de álcool ocorrida há um ano, Rodrigues brincou: “daqui a um ano, vai faltar álcool de novo”. O ministro também anunciou que o dinheiro do governo para o financiamento dos estoques de álcool, no montante de R$ 500 milhões, sairá em abril ou maio.

Centro de tecnologia

Roberto Rodrigues também foi o primeiro produtor de cana a assinar lista de adesão ao novo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que substituirá, com a mesma sigla, o renomado CTC – Centro de Tecnologia Copersucar. A cooperativa, com 32 associadas e produção de 58 milhões de toneladas de cana produzidas na última safra, decidiu abrir o CTC a todas as usinas, destilarias e produtores de cana do País.

O segundo a assinar a lista de adesões foi Luiz Guilherme Zancaner, produtor de açúcar e álcool e presidente da União das Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop). Segundo o presidente do conselho de administração da Copersucar, Hermelindo Ruete de Oliveira, o novo CTC terá um orçamento de R$ 42 milhões por ano. Deste montante, 75% serão destinados para a área agrícola, especialmente para estimular o desenvolvimento de novas variedades de cana. O restante (25%) serão destinados à área industrial.

“Para o Brasil manter a liderança mundial na produção de açúcar e álcool, é preciso investir em tecnologia”, disse Oliveira. Segundo ele, o CTC recebeu R$ 3 milhões em 2003 de “royalties” de 24 variedades de cana. O mais conceituado centro de desenvolvimento de novas variedades de cana tem 352 funcionários, metade no campo e metade de técnicos.