Mercado

BNDES limita as liberações de recursos para canaviais

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reduziu a liberação de crédito para as lavouras de cana-de-açúcar do país. A partir deste mês, o banco só avaliará a liberação de recursos para a expansão ou investimento nos canaviais de projetos vinculados a usinas de açúcar e álcool, afirmou uma fonte do BNDES ao Valor.

Os recursos para produtores de cana independentes, ou seja, sem vínculo direto com as usinas, estão suspensos por tempo indeterminado, de acordo com a fonte, citando a circular 182 do BNDES, publicada no dia 18 de fevereiro passado.

A medida não foi bem recebida pelos produtores de cana do país. Segundo Antonio Celso Cavalcante, presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Ferplana), os produtores do Nordeste serão os mais prejudicados, uma vez que não conseguem recursos subsidiados pelo governo há, pelo menos, quatro anos. A região possui 18 mil produtores de um total de 66 mil agricultores em todo o país. Segundo a Canaoeste (que reúne produtores do Oeste de São Paulo), o produtor perdeu uma das poucas linhas de financiamento para o custeio das lavouras.

Para analistas ouvidos pelo Valor, a restrição ao crédito e o maior critério para a liberação de recursos refletem, em parte, o cenário pessimista estimado para o setor sucroalcooleiro neste ano.

No Ministério da Agricultura, o governo tenta viabilizar um programa de liberação de recursos do Banco do Brasil (BB) para custeio dos canaviais. Segundo José Branisso, assessor de açúcar e álcool do ministério, o governo firmou, em dezembro passado, um convênio de integração com o Banco do Brasil, associações de produtores e de usinas . “Por esse convênio, o produtor de cana que possui contrato fechado com uma usina poderá ser apresentado para um gerente do Banco do Brasil para conseguir crédito”, disse Branisso.

Os recursos liberados pelo banco serão destinados ao custeio das lavouras, excluindo expansão de área. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer incluir na plano de safra um teto maior para o setor, dos atuais R$ 60 mil para R$ 120 mil para o produtor.