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BC mantém juros em 16,5% pelo segundo mês segui

O Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) anunciou hoje a manutenção, pelo segundo mês consecutivo, da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 16,5% ao ano. A decisão foi unânime, ao contrário de janeiro, quando um dos nove integrantes do comitê votou a favor do corte de 0,25 ponto.

Apesar de ser amplamente esperada pelo mercado, a decisão do Copom alimenta críticas de empresários, sindicalistas e políticos de diversos partidos em um momento em que o governo já está desgastado e enfrenta a maior crise política desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A crise foi detonada pela divulgação de fitas que mostram Waldomiro Diniz, que era assessor direto do ministro José Dirceu (Casa Civil) até a semana passada, pedindo propina e negociando financiamentos para campanhas eleitorais do PT com um bicheiro goiano. Segundo pesquisa encomendada pelo próprio Palácio do Planalto, o governo ficou desgastado pelo episódio.

Com a decisão do BC de manter os juros, a imagem do governo deve sofrer novo golpe. A Fiesp, principal entidade empresarial paulista, por exemplo, defendia um corte de 1,5 ponto percentual nos juros, para 15%. O corte serviria para dar novo incentivo ao processo de retomada da economia brasileira.

No entanto, o BC pareceu entender que ainda existe possibilidade de retorno da inflação. Na ata da reunião de janeiro, o Copom já havia dito que era necessária cautela para avaliar se a recente alta dos preços era apenas sazonal. E, para o mercado, um mês seria muito pouco tempo para fazer essa avaliação.

Os dados mais recentes, entretanto, mostraram uma inflação comportada no início de fevereiro. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pela Fipe, caiu para 0,26% na segunda quadrissemana de fevereiro, contra 0,65% no fechamento de janeiro e 0,46% na semana passada.

Já o IGP-M, índice que reflete melhor a inflação no atacado (preços pagos pelas empresas), mostrou alta de apenas 0,08% na primeira prévia de fevereiro.

O BC, entretanto, preferiu esperar mais um mês para ter certeza sobre o controle da inflação. O mercado espera que em março o Copom reduza os juros em 0,25%, para 16,25% ao ano.