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BNDES dará prioridade à área de infra-estrutura neste ano

A prioridade número um do BNDES este ano será a infra-estrutura, informou ontem o vice-presidente do banco, Darc Costa. De um orçamento total de 47,3 bilhões destinado a projetos de investimento, entre R$ 12 a R$ 15 bilhões serão aplicados em projetos de infra-estrutura, ou 80% a mais que os R$ 8 bilhões liberados no ano passado. Somente o setor elétrico receberá mais de R$ 7 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões destinados à capitalização de distribuidoras. Os créditos para obras em rodovias e ferrovias somarão R$ 5 bilhões, enquanto telecomunicações deverá dispor de mais de R$ 1 bilhão, num processo de retomada dos financiamentos ao setor, destacou Costa.

Ele anunciou também aumento de 24% para o setor agrícola, acima dos R$ 4,5 bilhões de 2003, para promover aumento da produtividade. A indústria terá 28% a mais dos quase R$ 16 bilhões de 2003, sendo que serão prioritários para o banco em suas políticas operacionais os setores de material de transporte, incluindo aí aviões e vagões, agroindústria, papel e celulose, metalurgia e siderurgia. Cada um desses ramos industriais vai receber R$ 1 bilhão a mais do que levou em 2003. O setor petroquímico não foi incluído nas prioridades, mas vai ter R$ 1,2 bilhão de crédito. As exportações levarão R$ 13 bilhões em 2004, mas a linha de financiamento de pré-embarque para as grandes empresas, que foi criada no final do ano passado, não vai mais vigorar, destacou Costa.

Ele lembrou que esta linha, que levou a um aumento de 441% no financiamento das montadoras nas linhas do BNDES-Exim, em 2003, foi criada para gerar canais de distribuição das filiais brasileiras no exterior, possibilitando que concorressem com suas matrizes. Ele negou que elas tivessem vindo à luz para turbinar o orçamento do banco no final de 2003.

Os planos da instituição para 2004 incluem dobrar os recursos para a área social de R$ 1,5 bilhão para R$ 3,9 bilhões, incluindo as linhas de microcrédito. Em 2003, o banco não liberou nada para o microcrédito. Os financiamentos a micro, pequenas e médias empresas continuarão na linha de frente do banco, que em 2004 liberou R$ 9 bilhões para o segmento, ou 22% a mais que em 2002.

Costa comemorou o fato de que o BNDES conseguiu, nos dois últimos meses de 2003 reverter o quadro negativo do seu desempenho no primeiro semestre, desembolsando R$ 33 bilhões ou 6% a mais que os R$ 31 bilhões de 2002, sem levar em conta as linhas de crédito emergenciais recebidas do Tesouro e do FAT-Especial. Os números acumulados no ano passado, todos no azul, informaram um crescimento de 17% nas aprovações de empréstimos, 34% a mais nos enquadramentos e 14% a mais nas consultas, que somaram R$ 42,8 bilhões, sinalizando que 2004 vai ser um ano de investimentos.

Depois do acordo com a AES, o balanço do banco em 2004 vai fechar com lucro superior aos R$ 550 milhões do ano passado, confirmou Costa. Ele lembrou que as linhas de crédito para a integração sul-americana também serão foco do BNDES. Este ano deve liberar R$ 1 bilhão para a Argentina e mais R$ 1 bilhão para a Venezuela.