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BNDES acelera liberação de recursos

A demanda por financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para 2004 já ultrapassa os R$ 48 bilhões, montante superior ao orçamento de R$ 47,3 bilhões aprovado pela instituição para o ano que vem. A forte demanda potencial do setor produtivo está registrada em consultas feitas ao banco e confirma a tendência de crescimento nos desembolsos do BNDES para 2004, em um movimento iniciado em setembro, afirma o superintendente da área de planejamento do banco, Maurício Piccinini.

Ele revela que as consultas encaminhadas ao BNDES indicam aumento na demanda por financiamentos em todos os setores da economia no ano que vem. Na indústria, o crescimento, segundo as perspectivas, é de 35% em relação ao efetivamente realizado pelo banco em 2003, disse Piccinini. Na agropecuária, o aumento previsto na demanda para o ano que vem é de 21%; no setor de infra-estrutura, 62%; no comércio e serviços, 18% e na área de educação e saúde, 74%.

“A perspectiva para 2004 é de crescimento, levando-se em conta a recuperação verificada a partir de setembro, sobretudo nos quesitos de enquadramento e consulta”, disse Piccinini. O enquadramento é uma etapa intermediária na aprovação do financiamento e se dá quando a operação recebe sinal verde para análise pelos técnicos do banco.

Já as cartas-consulta mostram a disposição do empresariado em fazer investimentos na produção, e funcionam como indicativo do nível de confiança no futuro da economia. Ontem o banco divulgou os números até novembro, período em que os pedidos por financiamento via cartas-consulta chegaram a R$ 40,3 bilhões, 1% menor do que em igual período do ano passado. Só em novembro, as cartas-consulta registraram pedidos por R$ 4,6 bilhões, com alta de 35% sobre idêntico mês de 2002.

No total, o BNDES anunciou desembolsos por R$ 6,3 bilhões em novembro, com crescimento de 91% sobre o mesmo mês de 2002, quando as liberações totalizaram R$ 3,3 bilhões. De janeiro a novembro deste ano, as liberações do BNDES a projetos do setor produtivo somaram R$ 26,7 bilhões, com alta de 5,9% em relação a idêntico período do ano passado. O dado exclui as liberações extraordinárias feitas ao Programa Emergencial de Energia e ao Programa FAT Exportação, que aportaram grandes somas de recursos no ano passado e que, portanto, distorcem a base de comparação, disse Piccinini.

Se os empréstimos aos dois programas forem considerados, os desembolsos do BNDES até novembro sobem para R$ 30,1 bilhões, 8% a menos do que igual período de 2002. Esse número inclui R$ 1,5 bilhão pago pelo BNDES pelas ações da Investvale na Valepar, holding controladora da Vale do Rio Doce.

Piccinini afirmou que o cumprimento do orçamento de R$ 34,1 bilhões estabelecido para o banco neste ano é factível. Para atingir a meta, o BNDES ainda terá de liberar cerca de R$ 4 bilhões em dezembro. Só o BNDES-Exim, o braço de apoio às exportações da instituição, liberou US$ 3,3 bilhões de janeiro a novembro, e irá chegar ao fim do ano com desembolsos totais de US$ 3,9 bilhões.

Ele acrescentou que a nova política operacional do banco, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de março de 2004, buscará estimular o investimento produtivo pelas pequenas e médias empresas, além de priorizar setores elencados na nova política industrial do governo. “Vamos priorizar projetos do PPA (o Plano Plurianual de Investimentos)”.

Ele destacou a contribuição das micro, pequenas e médias empresas para o crescimento dos desembolsos do banco até novembro. As liberações de empréstimos para esta categoria de empresas atingiram R$ 9 bilhões de janeiro a novembro, com aumento de 31% sobre o mesmo período de 2002. As exportações também garantiram o bom desempenho do banco.

Entre janeiro e novembro, os desembolsos para as exportações de veículos alcançaram US$ 688 milhões, com alta de 542% em relação a igual período de 2002. As operações enquadradas, de janeiro a novembro, atingiram R$ 36,4 bilhões, com alta de 12% sobre o ano passado. As aprovações, por sua vez, totalizaram R$ 31,6 bilhões, 11% menor do que em 2002.