Mercado

Governo vê déficit de álcool; setor vê superávit

O aumento do consumo de álcool hidratado neste ano, devido à disparidade de preços em relação à gasolina, está dificultando o cálculo da relação entre oferta e demanda para a entressafra.

O Ministério da Agricultura trabalha atualmente com um déficit de 160 milhões de litros de álcool no dia 30 de abril de 2003 (fim da safra), enquanto a previsão do setor aponta para um saldo positivo de 114 milhões de litros. Para ajustar os números, técnicos do ministério concluiriam ontem novo levantamento, para discuti-lo com o setor hoje, em Brasília. Daí devem sair os dados que servirão de base para uma eventual redução da mistura do anidro na gasolina de 25% para 20%, o que representaria diminuição de 100 milhões de litros mensais na demanda.

Preocupado com o abastecimento, o ministério pretende pressionar o setor para que aumente o volume de cana moído já em abril, quando algumas usinas começam a operar. Segundo fonte do ministério, ainda há tempo para mexer no quadro de oferta, com a redução da mistura. Mas, para que tenha o efeito esperado, ela teria de entrar em vigor em janeiro, no máximo.

Quanto ao volume de produção do Centro-Sul na safra 2002/03, as previsões do setor e do ministério coincidem, em 10,2 bilhões de litros. Ambos também contabilizam um estoque ao redor de 1 bilhão de litros ainda sob guarda da Petrobras.

Ontem, num seminário em Belo Horizonte, o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, afirmou que o governo tomará medidas para conter o aumento do preço do álcool. Ele admitiu que a política de financiamento a estoques não produzirá efeitos este ano, mas disse que o programa “ajudará” em 2003.

Pratini, que se reuniria com representantes do setor ontem, defendeu a retomada de um programa de carro a álcool e afirmou que o governo pode adotar medidas como a redução ou extinção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para incentivá-lo. (Valor Econômico)

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