A maior venda de açúcar e de etanol hidratado, combinado com melhores preços, ajuda a explicar o desempenho das três principais companhias sucroenergéticas no segundo trimestre (julho, agosto e setembro) da safra de cana-de-açúcar 2016/17.
Os desempenhos da São Martinho, Cosan/Raízen e Biosev no 2T17 revelam EBITDA em alta na comparação com igual período da safra 15/16. As três companhias estão listadas na BM&FBovespa.
As três têm capacidade de moagem de 121,4 milhões de toneladas, sendo 36,4 milhões de toneladas na Biosev, 64 milhões de toneladas na Raízen e 20,6 milhões de toneladas na São Martinho.
Confira a seguir como foram os desempenhos das três companhias no 2T17.
São Martinho
- O EBITDA ajustado do 2T17 somou R$ 368,7 milhões (margem EBITDA de 47,3%), representando um crescimento de 15,6% em relação ao 2T16.
- No acumulado do ano, o EBITDA Ajustado cresceu 29,1%, atingindo R$ 702,5 milhões (margem EBITDA de 47,2%). O aumento do indicador foi resultado do maior volume de vendas de açúcar e etanol hidratado combinado com melhores preços no período.
- O EBIT ajustado do 2T17 totalizou R$ 192,4 milhões (margem EBIT ajustada de 24,7%), apresentando aumento de 25,6% em relação ao 2T16.
- No acumulado do ano o EBIT cresceu 45,2% em relação ao 6M16, atingindo R$ 369,1 milhões (margem EBIT ajustada de 24,8%). Esta melhora se dá pelas mesmas razões que impactaram o EBITDA ajustado do período.
- O lucro líquido no acumulado do ano totalizou R$ 108,6 milhões, aumento de 95,1% em relação ao 6M16, resultado do maior volume e melhores preços de vendas dos nossos produtos.
Em 30 de setembro de 2016, as fixações de preços de açúcar do Grupo São Martinho para a safra 16/17 totalizavam 415,5 mil toneladas ao preço médio de USD 16,95 cents/pound, representando aproximadamente 85,2% de hedge referente a cana própria ou 78,7% do total.
Além das fixações do açúcar, a companhia possuía NDF´s de dólar no montante de USD 54,9 milhões com preços médios de R$/USD 3,84, destinados à exportação de açúcar da safra 16/17.
Na mesma data, as fixações de preços de açúcar da São Martinho para a safra 17/18 somavam 350,1 mil toneladas de açúcar fixados ao preço médio de USD 20,06 cents/pound. Tal volume representa aproximadamente 32,5% da cana própria e 26% do total, se considerarmos uma produção prevista de 1.350 mil toneladas de açúcar para a safra.
Na mesma data, a companhia possuía USD 150,0 milhões a R$/USD 3,62 de NDF‘s, representando 26% do volume total.
Resultados produtivos da São Martinho:
Raízen
Joint venture da Shell e da Cosan, a Raízen Energia S. A. controla 24 usinas de cana-de-açúcar.
- No 2T17, a moagem da companhia atingiu 25,7 milhões de toneladas (+6,0%). Este aumento se deve principalmente ao clima mais seco durante o trimestre quando comparado ao mesmo período do ano anterior, o que beneficia moagem, mas impacta negativamente a produtividade agrícola (TCH).
- O TCH foi 13,4% inferior ao 2T16, atingindo 78,4 tons de cana/hectare. O ATR médio foi de 135,5 kg/ton no 2T’17 comparado a 136,4 kg/ton no mesmo período da safra passada.
- O mix de produção segue focado na maximização da produção de açúcar (59%), em linha com a estratégia de comercialização para o ano.
- A receita líquida ajustada totalizou R$ 3,1 bilhões (+8,8%), refletindo melhores preços médios de venda, assim como o maior volume de etanol e energia vendida. Em contrapartida, o volume vendido de açúcar foi menor, bem como as oportunidades para comercialização de produtos de terceiros.
- Açúcar: A receita líquida no 2T17 atingiu R$ 1,4 bilhão (-1,0%) comparado à receita líquida, ajustada pelo hedge accounting de dívida, de R$ 1,5 bilhão reconhecida no 2T16. Apesar dos melhores preços da commodity, houve resultado inferior devido ao menor volume vendido no trimestre. O preço médio praticado no período foi de R$ 1.228 /ton (+15,3%), acompanhando a alta de preços em reais.
- Etanol: A receita líquida foi de R$ 1,4 bilhão (+24,1%) no 2T17 e reflete o maior volume vendido com melhor preço médio praticado no período. O volume de vendas atingiu 847 mil m³ (+11,7%), com maiores oportunidades de exportação. O preço médio do etanol no trimestre foi de R$ 1.654/m³ (+11,0%), comparado a R$ 1.490/m³ no 2T16, acompanhando os preços praticados no mercado (base ESALQ).
- Cogeração: A receita líquida no 2T17 alcançou R$ 206,6 milhões (+1,8%). A maior quantidade de biomassa disponível possibilitou o aumento do volume vendido, que atingiu 1.089 mil MWh (+5,7%). Entretanto, o preço médio de venda no trimestre foi de R$ 190/MWh (-3,7%), inferior ao 2T6, principalmente dado a queda do preço de energia spot.
- EBITIDA: o menor volume vendido de açúcar no trimestre e o maior custo com cana de fornecedores e arrendamento de terras (CONSECANA) impactaram o EBITDA ajustado que foi de R$ 795 milhões (-6%), excluindo os efeitos da variação do valor justo do ativo biológico e de hedge accounting de dívida.
- No 2T17 a moagem cresceu 6% e alcançou 25,7 milhões de toneladas em virtude do clima mais seco quando comparado ao 2T16. O clima mais seco beneficia a moagem, mas impacta negativamente a produtividade agrícola. O mix de produção segue focado na maximização da produção de açúcar (59% açúcar vs 41% etanol). O custo caixa unitário em açúcar equivalente, excluindo o efeito do CONSECANA, cresceu apenas 2% neste trimestre e segue evidenciando os ganhos com melhoria da eficiência na produção, mix de usinas e diluição de custos fixos.
- O CAPEX foi de R$ 376 milhões (+63%) devido ao maior dispêndio em plantio no 2T17.
Biosev
Controlada pela Louis Dreyfus Group, a Biosev opera 11 unidades produtoras.
- No 2T17, a moagem da companhia ficou em 12,2 milhões de toneladas, um crescimento de 1,2% sobre o mesmo período do ano passado.
- A receita líquida no período foi de R$ 2,2 bilhões, 28,1% superior a do mesmo trimestre do ano-safra anterior. A receita com as vendas do açúcar teve um incremento de 65% na comparação sazonal, atingindo R$ 1,07 bilhão, com o mercado externo respondendo por 85% do montante.
- A receita líquida com etanol cresceu 6,3% no trimestre impulsionada por um aumento de aproximadamente 18% dos preços médios. No segundo trimestre da safra 2016/17, a companhia praticou preços superiores tanto para o açúcar quanto para o etanol, bem como maiores volumes de venda.
- O EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciações, amortizações e variações no valor justo do ativo biológico) foi de R$ 457 milhões no trimestre, um crescimento de 33% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
O endividamento da Biosev foi reduzido, segundo a companhia, devido a menor necessidade de recursos financeiros para capital de giro.