Mercado

[Editorial 273] Etanol e política no Brasil, tem jeito?

Em tempos de mercado açucareiro em alta, se há dois assuntos sobre os quais o público sucroenergético não quer nem pensar são política e etanol.

No âmbito do cidadão, a política brasileira só tem causado dissabores! Não apenas pela corrupção que afeta todos os escalões e poderes da República, mas também pela chateação e mesmice das campanhas municipais, que não conseguiram renovar a esperança do povo brasileiro. No âmbito do setor, então, a política dos dois últimos governos do PT foi desastrosa para toda a cadeia produtiva canavieira.

Outro assunto que não tem despertado a atenção e interesse do pessoal do setor é o etanol. Com os bons preços atuais e perspectivas positivas para as próximas safras, o açúcar ocupou o centro das atenções!

Contudo, olhando no retrovisor, percebo que este comportamento pode representar um grande equívoco estratégico.
Menosprezar a política pode ser danoso por algumas razões. Num país onde o Estado é gigante e interfere demasiadamente em todas as atividades sociais e econômicas, a boa ação política continua sendo indispensável para o bem estar da população e para o bom funcionamento dos mercados e das empresas.

Considerando que no Brasil a democracia não está consolidada e leis podem ser estabelecidas, revogadas e interpretadas conforme a conveniência de quem se encontra no poder – como vimos recentemente -, devemos exercer uma força política positiva e constante visando não apenas melhorar as condições atuais como também impedir que as bases de sustentação já lançadas não sejam destruídas.

Diferentemente da maioria dos produtores, cujos olhos estão postos no açúcar, penso que, já que o mercado açucareiro está favorável, devemos nos ocupar em criar e consolidar estruturas e políticas de sustentação ao mercado de etanol e da bioeletricidade!

É com este foco que União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) confirmou a realização do Ethanol Summit em junho de 2017 e vai realizar o Unica Forum no próximo dia 28 de novembro, no World Trade Center (WTC) em São Paulo (SP).
O ministro da Fazenda Henrique Meirelles é um dos palestrantes confirmados. “Não poderia haver momento mais propício para fomentar esta discussão. O Brasil vive um período de definição, com o Governo estudando adotar ou extinguir medidas que impactam setores produtivos importantes, entre eles o sucroenergético. Será uma chance de ouvir do próprio ministro sobre como serão articuladas políticas de energias renováveis com medidas macroeconômicas”, avalia a presidente da Unica, Elizabeth Farina.

Fóruns de discussão como estes são importantes, pois todos sabemos que o mercado de açúcar tem um comportamento cíclico e que não há sustentabilidade para o etanol e para a bioeletricidade no Brasil sem uma forte atuação política.

Contextualizando a parábola, este é um excelente momento para trabalhar duro como a formiga mas também agregar a função de cantar forte politicamente, como uma cigarra inteligente.

Boa leitura!