Mercado

Em busca de oportunidades, empresários brasileiros vão à Índia

Mais de 100 empresários brasileiros embarcaram neste fim de semana para a Índia com agenda lotada e um imenso mercado a desbravar. Alguns vão oferecer aviões. Outros, chuveiros elétricos. De 27 a 29 de janeiro, estão programadas rodadas de negócios, visitas técnicas e um seminário na cidade de Mumbai, capital financeira e industrial do país, com autoridades brasileiras e indianas e mais de 400 empresários locais. A missão comercial, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores, acompanha a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país.

Ao lado de China, Rússia e África do Sul, a Índia compõe o bloco de nações selecionadas pelo governo brasileiro como estratégicas no campo comercial. Não é para menos. Quinta maior economia mundial, com PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 450 bilhões e crescimento médio anual de 6,8%, a Índia é o segundo país mais populoso, com 1 bilhão de habitantes. Apesar da maior parte da população viver em completa miséria, cerca de 25% do povo indiano (225 milhões de pessoas são de classe média), um universo de consumidores maior que a população inteira do Brasil.

Em um mercado com esta dimensão, as possibilidades de negócios são gigantescas. Estudos da Direção-Geral de Promoção Comercial do Itamaraty identificaram os seguintes setores brasileiros como sendo os de maior potencial para exportação ao mercado indiano: aeroespacial; aeronáutico; alimentos processados; automobilístico; borracha; calçados; celulose; combustíveis não poluentes (etanol); couro; eletroeletrônico; equipamentos médicos e hospitalares; plástico; filmes fotográficos; hardware; hidroeletricidade; infra-estrutura; informática; máquinas, equipamentos e ferramentas; metalúrgico; refrigeração; medicamentos e farmacêutico; perfumaria e cosméticos; petróleo; petroquímico; químico; siderúrgico; software; tabaco; têxtil; tintas; trens e locomotivas; turismo e vidro.

Tantas possibilidades atraem empresas de todos os portes. Na missão comercial organizada pelo Brasil estão representantes de pequenas, médias e grandes indústrias nacionais, cooperativas e entidades setoriais de todo o país. Entre as grandes, estão companhias doas mais variados setores: Perdigão, Sadia,Vale do Rio Doce, General Motors do Brasil, Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa.

Algumas já têm negócios coma Índia e aproveitam a missão que acompanha o presidente Lula para consolidar contatos e abrir novas frentes. É o caso da Embraer, que em setembro de 2003 acertou com o governo indiano a venda de cinco aeronaves Legacy por US$ 150 milhões, e da Dedini Indústria de Base, de Piracicaba/SP, que no começo do ano passado assinou acordo com o grupo indiano Uttam para transferência de tecnologia para montagem de usinas de destilação de álcool.

O acordo entre Dedini e Uttam prevê a construção de 15 usinas de destilação de álcool em dois anos, o que deve render em torno de US$ 1 milhão em royalties para a indústria brasileira. A primeira planta com tecnologia brasileira foi vendida pela Uttam em dezembro. Com 3 mil funcionários e faturamento de R$ 400 milhões em 2003, a Dedini já vinha exportando equipamentos para mais de 20 países. Com a Uttam, assinou seu primeiro contrato de longo prazo de exportação de tecnologia.

“A Índia já é um mercado conhecido para nós. Ano passado ocorreram visitas recíprocas. Agora esperamos reativar contatos com outras empresas”, revela o vice-presidente de negócios da Dedini, João Francisco Davos. O executivo aposta em parcerias entre companhias brasileiras e indianas para a exploração de novos mercados como Tailândia, Malásia, Indonésia e Japão. “O mercado de tecnologia tem muito futuro”, avalia.

O empresário Felipe Chiari, dono da mineira Base Motor Sport, vai à Índia oferecer consultoria na fabricação de motores à álcool. Na bagagem, leva informações sobre duas outras empresas mineiras interessadas em entrar no mercado indiano, a Kero Coco, produtora de água de coco em caixinha que já exporta para cinco países, e a Cachaças Vale Verde, que exporta apenas para os Estados Unidos. A viagem é um tiro no escuro. Uma aposta em um mercado declaradamente em expansão. “Temos grande expectativa, mas não sabemos qual o espaço para estes produtos. Não temos nenhuma informação sobre a oferta e a procura”, diz Chiari.

Entidades setoriais, como a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais também integram a missão comercial que acompanha o presidente Lula. O objetivo de todos é o mesmo: prospectar oportunidades e fazer contatos com autoridades indianas. (Fonte: Agência Brasil)