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Reclamação do Brasil pode mudar rumo das negociações na OMC

Nas próximas semanas, a OMC (Organização Mundial do Comércio) vai definir painel instalado a pedido do Brasil, que acusa os Estados Unidos de subsidiarem a exportação de algodão em mais de US$ 1,5 bilhão, provocando, assim, a queda nos preços internacionais. A informação é do jornal britânico Herald Tribune, que divulgou sábado ampla reportagem sobre o assunto. Se o procedimento americano for considerado ilegal, pode abrir precedente para uma série de ações nesse sentido.

O assunto para Washington é muito complicado em um ano eleitoral, uma vez que os produtores de algodão pressionam o governo a manter a política de subsídios. O governo americano defende o modelo a todo o custo porque, com ele, foi possível ao país tornar-se o maior exportador do mundo, com, aproximadamente, 40% do mercado mundial.

O representante dos Estados Unidos, Robert Zoellick, chegou a enviar uma carta a ministros de Desenvolvimento de todo o mundo, afirmando que quer uma maior interação no comércio mundial. Mas segundo especialistas ouvidos pelo diário, a insistência do Brasil e de alguns parceiros, como Argentina e Chile, na questão do algodão pode azedar o relacionamento.

O maior problema para os americanos é que um dos maiores especialistas sobre o assunto, um professor de Economia agrícola da Califórnia, defende o fim da política de subsídios da Casa Branca. Segundo ele, sem essa ajuda, os Estados Unidos veriam suas exportações caírem cerca de 41% e os preços do algodão seriam elevados em 12%.

O que o Brasil contesta, principalmente, é que os preços baixos prejudicam os produtores locais que, às vezes, não têm como nem sobreviver. Além disso, dificulta a entrada dos países em desenvolvimento numa situação melhor que a encontrada hoje. (Fonte: Agência Brasil)