O projeto de expansão das usinas de álcool etanol no Brasil, inicialmente trabalhado com sigilo pela Petrobras e revelado pelo Correio do Estado no último dia 3 de julho, está sendo solidificado aos poucos pela Estatal, que traça suas ações “de olho” no mercado japonês.
Notícia veiculada ontem pelo Estadão, revela que, em acordo firmado entre a Petrobras e a Mitsui, a estatal brasileira e a trading japonesa negociam com usineiros uma parceria tripartite para a construção de destilarias de etanol no Brasil. O modelo prevê o financiamento dos projetos pela Mitsui, enquanto os usineiros entram com terras e cana e a Petrobras com a logística. O projeto em estudo, não prevê a participação da Petrobras como sócia nos projetos, já que a empresa foi escolhida pelos japoneses como uma espécie de “avalista”, para garantir a produção e a logística de exportação. Porém, a estatal comprará o álcool das usinas para atender aos contratos com o Japão.
Segundo as informações, já foram realizadas várias reuniões com produtores e pelo menos cinco projetos de construção de novas usinas já estariam acertados. O Estadão apurou que, até novembro próximo, todos os projetos serão encaminhados para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que será a mediadora societária para determinar a participação dos usineiros e da Mitsui nas novas unidades.
A Petrobras desenvolve estratégias a passos largos na área de produção e exportação de álcool, uma vez que, caso a política de incentivo do Governo japonês para o uso do álcool combustível torne obrigatória a adição de 10% do etanol à gasolina, seria criada uma demanda de 6 bilhões de litros do combustível e o Brasil aparece como principal potencial fornecedor do combustível.
O problema é que, se o acordo assinado com a trading Mitsui for efetivado, a Petrobras teria condições de suprir apenas 30% desse volume, ou 1,8 bilhão de litros. Na segunda-feira, segundo a reportagem do Estadão, o jornal Nihon Keizai Shimbun informou que o Governo japonês deve apressar a mistura, hoje de apenas 3%.
Potencial
Em visita a Mato Grosso do Sul, em julho, gerentes da Petrobras adiantaram ao Correio do Estado que estudos avaliaram as áreas com potencial para produção de cana e álcool e a região centro-leste do Estado aparece com destaque neste contexto. A sinalização da estatal é que as novas destilarias sejam construídas, prioritariamente, na nova fronteira canavieira do Centro-Oeste, em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, devido à proximidade com os alcooldutos projetados pela Petrobras.
O Estadão revelou ainda que, o primeiro alcoolduto, previsto para 2008, deve ligar Goiânia (GO) a Paulínia (SP) e ao Porto de São Sebastião (SP). O segundo, ainda em fase de estudo de viabilidade, deve ter início em algum ponto no Rio Tietê, aproveitando a Hidrovia Tietê-Paraná, e seguir também até Paulínia. Os gerentes da Petrobras comentaram também sobre um projeto em estudo na Petrobras propõe a implantação de um poliduto para transporte de álcool de Cuiabá (MT) até a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), na região metropolitana de Curitiba. O poliduto atravessaria o território sul-mato-grossense de sul a norte, passando por Campo Grande.