A dívida líquida das usinas de cana-de-açúcar do País chega perto de R$ 100 bilhões, avalia Guilherme Pessini Carvalho, sênior officer Agribusiness do Itaú BBA, banco de investimentos e de atacado do Itaú Unibanco.
Segundo Carvalho, que participou do F. O. Licht Sugar & Ethanol Brazil, em São Paulo, o montante de R$ 100 bilhões é calculado a partir de informações contabilizadas pela equipe do Itaú BBA com os seguintes dados:
1 – Informações de produção pelas usinas de cana-de-açúcar na safra 2014/15
2 – A dívida por tonelada moída está perto de R$ 150
Os R$ 100 bilhões de dívida líquida estimados por Pessini Carvalho superam em R$ 5 bilhões o total da dívida das usinas sucroenergéticas estimado por Alexandre Figliolino, antecessor de Carvalho no Itaú BBA. Segundo Figliolino, as usinas fechariam a safra de cana 2015/16 com dívida de R$ 95 bilhões.
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Conforme projeções de Figliolino, hoje na MB Agro, da consultoria MB, no ciclo canavieiro 14/15 as dívidas das usinas chegaram a R$ 80 bilhões.
Sobre o endividamento em 2015, ele lembrou, em entrevista, que apesar de o preço do açúcar ter registrado alta a partir de setembro (de 2015), o mesmo câmbio que favorece as exportações também fez subir o valor das dívidas dolarizadas.
Esse, conforme Pessini Carvalho, foi o mesmo motivo que fez saltar a projeção de dívida líquida das usinas sucroenergéticas.
O Itaú BBA, explica, tem 65 grupos sucroenergéticos na carteira de clientes. As usinas controladas por esses grupos são responsáveis por 70% da moagem de cana-de-açúcar do País.
No evento da consultoria F. O. Licht, Pessini Carvalho lançou projeções. O Portal JornalCana lista abaixo algumas delas:
- “Qual será a política fiscal a ser adotada [também para o setor sucroenergético?]”
- “O etanol vai bem no Brasil, mas lá fora os carros elétricos avançam”
- “Os bancos, apesar de registrarem lucros, estão perto do limite de capital. Investiram muito antes”
- “O mercado internacional está fechado devido a perda de investiment grade [grau de investimento]”