Mercado

Projeto para estimular a mamona

A partir de outubro, 14,6 mil agricultores familiares do Rio Grande do Sul iniciarão a produção de mamona para a fabricação de biodiesel.

Ontem, a Brasil Ecodiesel, empresa que está instalando uma unidade em Rosário do Sul e comprará o produto, assinou acordo de cooperação com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).

A parceria vai permitir a mobilização do grupo e criar condições para a assistência técnica. Os pequenos produtores fornecerão cerca de 30 milhões de litros de óleo para a Brasil Ecodiesel – 37,5% da capacidade de 80 milhões de litros que terá a planta. Adquirindo esse percentual da agricultura familiar, a fábrica garante o Selo Social do governo federal, necessário para ganhar incentivos fiscais. O resto da demanda deverá vir de médios e grandes produtores. A idéia é comprar o óleo de soja, amplamente utilizado no Estado, e fomentar outras cadeias, como a do girassol.

– Um programa que fosse só baseado na soja, que tem tanto farelo, desequilibraria o mercado mundial, mexendo nos preços do farelo. No caso da mamona, uma planta que não serve para a indústria da alimentação, não tem esse problema – explica Nelson Silveira, presidente da Brasil Ecodiesel.

Agricultores terão garantia de compra do produto

Os agricultores que assinarem o contrato com a empresa terão garantia de compra do produto a um preço de R$ 0,59 pelo quilo do grão. A média de área plantada por propriedade será de 2,5 hectares.

– A mamona é uma alternativa importante, mas não vai resolver tudo sozinha. Queremos que o agricultor plante tudo o que já cultiva e ainda ache um espacinho para a mamona – diz Ezídio Pinheiro, presidente da Fetag .

De acordo com o dirigente, a experiência vai mostrar se a cultura compensa. Para que mais gente possa experimentar o cultivo, Pinheiro diz que a Fetag vai distribuir até um quilo de semente por produtor.

Em tese, o agricultor Paulo Coutinho diz que o investimento em mamona vale a pena. Hoje, ele planta milho e fumo na área de 7,8 hectares que tem no município de Sentinela do Sul. Nesta safra, pretende reduzir a área de milho em dois hectares, onde passará a cultivar a mamona.

– Calculo que pode ser melhor do que o milho, mas não do que o fumo. Espero tirar R$ 1,2 mil por hectare com a mamona. Hoje, o milho dá R$ 800 por hectare – afirma Coutinho.