O enfraquecimento da demanda por etanol hidratado nos postos e a perspectiva de entrada de oferta nova do produto deverão a interromper a tendência de elevação dos preços do biocombustível nas usinas neste mês, o último da temporada 2015/16.
Nas últimas semanas, o litro vem sendo negociado nas usinas paulistas a preços recordes, próximos de R$ 2 por litro. Mas estimativas de mercado indicam que o consumo de hidratado (usado diretamente nos tanques dos veículos) voltará a ficar abaixo de 1 bilhão de litros em março, volume que pode ser facilmente atendido pelos estoques existentes e pela produção das unidades que já iniciaram o processamento de cana da safra 2016/17, que “oficialmente” terá início no dia 1º de abril.
Na semana encerrada no último dia 11, o indicador Cepea/Esalq para o hidratado na usina paulista atingiu o recorde de R$ 1,9528 o litro, praticamente estável em relação aos R$ 1,9525 da semana anterior, até então a maior marca registrada. No período de quatro semanas encerrado no dia 11, o indicador acumulou alta de 2,61% e, desde o início da safra, em abril do ano passado, a alta foi de 53,97%.
Grande parte desse salto chegou ao consumidor final e passou a colaborar para a redução da demanda. Em fevereiro, as usinas do Centro-Sul venderam 1,056 bilhão de litros de etanol hidratado às distribuidoras, 16% menos que no mês anterior. A trading Bioagência estima que em março as vendas alcançarão entre 900 milhões e 950 milhões de litros.
Do lado da oferta, a previsão é que as usinas em operação neste mês produzam de 500 milhões a 600 milhões de litros de etanol hidratado. Um volume que, somado aos estoques existentes ao longo de toda a cadeia (postos, distribuidoras e usinas), tende a ser suficiente para suprir a demanda, na visão do diretor da Bioagência, Tarcilo Rodrigues.
Na última semana, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estimou que aproximadamente 70 usinas estarão em operação no Centro-Sul na primeira quinzena de março, ante as 23 unidades da última quinzena de fevereiro.
“Os preços do hidratado deverão permanecer nesse patamar [de R$ 1,95 por litro] até o fim de março. Poderá haver pequenas oscilações e os R$ 2 até poderão ser alcançados. Mas será um pico isolado. O preço não vai se sustentar nesse patamar”, afirmou Rodrigues. Ele observou que, a partir de abril, com a entrada de volumes maiores da safra nova 2016/17 as cotações tendem a recuar.
As projeções do especialista para este mês já levam em conta que o clima no mês vai ser mais chuvoso no Centro-Sul do que a média histórica. “Já choveu bastante nos últimos dias. Agora a tendência é que o clima fique mais seco, o que favorece a moagem”, disse.
Fonte: (Valor)