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H-Bio reduzirá gastos com importação

Novo combustível da Petrobras reduzirá em US$ 100 milhões importações anuais de óleo diesel. A criação do novo combustível da Petrobras, que será produzido a partir da tecnologia batizada de H-Bio, garantirá uma redução inicial de US$ 100 milhões nas importações brasileiras de óleo diesel. O cálculo, do diretor de Abastecimento da estatal brasileira, Paulo Roberto Costa, leva em consideração uma redução de 10% nas compras do produto derivado de petróleo, que somaram 2 milhões de toneladas em 2005.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os desembarques desse derivado de petróleo demandaram um desembolso de US$ 1 bilhão pela empresa, no ano passado. Embora Costa tenha feito questão de desvincular o novo combustível da Petrobras – anunciado na quinta-feira pelo governo federal – aos problemas de abastecimento de gás boliviano, o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), vê a medida como uma tentativa de tornar o óleo diesel uma alternativa viável economicamente de substituição do gás no processo de geração energética.

O H-Bio, cujos testes foram concluídos há duas semanas, será produzido nas próprias refinarias da Petrobras, que pretende adicioná-lo, já no próximo ano, ao diesel mineral em um proporção de 10% do total de diesel hoje comercializado. A intenção, segundo Costa, é reduzir a dependência do derivado, que ainda é importado pela companhia. Para o consultor do CBIE, a longo prazo, a Petrobras pode reduzir o preço do óleo diesel ao adicionar o H-Bio ao derivado mineral.

Diferentemente do biodiesel, que é fabricado por produtores independentes a partir do óleo de produtos como mamona e palma (misturado ao álcool), o H-Bio será processado nas próprias refinarias da estatal, a partir de óleos vegetais de diferentes origens. Para o diretor, tal meta demandará cerca de 256 milhões de litros só de óleo de soja.

Além de reduzir a emissão de enxofre na atmosfera, tal medida beneficiará os produtores de soja do País, com uma nova pressão sobre os preços da commodity.

O executivo da Petrobras, porém, fez questão de assegurar que a nova tecnologia não representará qualquer forma de competição com os produtores independentes de biodiesel. A tecnologia, segundo Costa, será complementar a desses produtores, que não terão seu produto deslocado na cadeia pelo H-Bio.

Economia na logística

A nova tecnologia também garantirá uma economia de custos logísticos para a Petrobras, uma vez que será produzido nas próprias refinarias da estatal. A intenção, revelou, é utilizar o H-Bio nas refinarias que estejam mais distantes dos centros produtores de biodiesel. Atualmente, segundo Costa, grande parte da produção brasileira de biodiesel está localizada no Piauí, estado distante de qualquer das refinarias da empresa. A unidade mais próxima, exemplificou, é a refinaria Landulfo Alves (Relan), na Bahia. Não fosse o H-Bio, comparou, o aspecto logístico constituiria um obstáculo para a comercialização do biodiesel a preços competitivos.

A legislação brasileira prevê que, até 2008, sejam adicionados até 2% de biodiesel ao óleo diesel. Para 2013, está prevista a adição de até 5% do produto derivado de óleos vegetais.

H-Bio segue passos do álcool

O diretor da Petrobras comparou o H-Bio ao desenvolvimento da tecnologia do álcool, na década de 70. A inovação, segundo ele, aumenta a independência do País em relação às importações. Costa assegurou, ainda, que, além de não afetar a performance do óleo diesel mineral, o novo combustível consiste em uma tecnologia mais limpa, com menores teores de enxofre.