As exportações de álcool combustível deverão perder intensidade. Apesar de a safra de cana 2006/07 da região Centro-Sul ser 11,32% maior, segundo estimativa da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), a procura pelo produto será menor. O Brasil perdeu vários clientes importantes para o produto, informa o presidente da Unica, Eduardo de Carvalho. A Índia, responsável pela compra de 414 milhões de litros, recuperou sua produção interna, e o Japão, até então segundo maior cliente do produto brasileiro para fins industriais, com 317 milhões de litros, ultimamente vem dando preferência a outros fornecedores.
Para Carvalho, dificilmente a demanda por álcool dos Estados Unidos, embora crescente, substituirá o volume do produto que deixará de ser comprado para aqueles dois países. Hoje, as compras americanas de álcool representam quase a metade do total das exportações de etanol, que em 2005 somaram 2,59 bilhões de litros. O presidente da Unica se refere à soma das vendas aos Estados Unidos e a El Salvador, Jamaica e Costa Rica, que são os países da América Central que reprocessam o álcool hidratado para transformá-lo em anidro e em seguida reexportar o produto para o mercado americano.
Ao anunciar a estimativa de safra de cana-de-açúcar 2006/07, o presidente da Unica explicou que as usinas deverão operar no limite da capacidade para a produção de açúcar. Estimuladas pelos preços elevados no mercado internacional, a produção de açúcar na região Centro-Sul deverá chegar a 25,5 milhões de toneladas, 15,8% maior que no ano anterior. As exportações deverão representar 68,6% daquele total, e 21% acima do que as realizadas no ano passado.
Segundo a estimativa da Unica, a safra de cana-de-açúcar, iniciada na prática em abril, será de 375 milhões de toneladas, 11,32% maior que a do período anterior. A proporção de matéria-prima destinada à produção de açúcar será de 49,90% e para o álcool, 50,10%.
A produção de álcool deverá superar a da safra passada em 15,8%. Apesar de os Estados Unidos terem ultrapassado o Brasil em produção de álcool, Carvalho afirma que o potencial brasileiro para a industrialização do combustível é maior que o norte-americano. Segundo Carvalho, a capacidade produtiva brasileira atual é de 18,7 bilhões de litros. Com os projetos de construção de 90 novas usinas apenas na região Centro-Sul, a capacidade produtiva brasileira deverá chegar a 30 bilhões de litros em 2010.
O consumo doméstico de álcool poderá crescer nos próximos meses, motivado pelo conflito com a Bolívia e o risco de interrupção do fornecimento de gás na natural, acredita o presidente da Unica. Para o usineiro José Pessoa de Queiroz Bisneto, o incentivo dado pelo governo ao consumo de gás veicular não foi adequado. O preço, segundo acredita, representava um quarto do valor cobrado pelo fornecimento aos domicílios. “Essa distorção terá de ser corrigida”.