O embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur, está conversando com representantes do governo e congressistas dos Estados Unidos e da Califórnia – estado lançador de tendências – para divulgar o conhecimento e a capacidade de fornecimento brasileiro no segmento de etanol. Um dos pontos é tentar convencer aquele país a reduzir a tarifa para entrada do etanol do Brasil, disse o diplomata a este jornal. Incide sobre o produto feito aqui uma tarifa de 2,5% por galão, mais uma taxa de 0,54 centavos por galão. “O nosso programa (de álcool) explodiu como exemplo nos Estados Unidos”, afirmou.
“Vamos dobrar o uso de etanol até 2012”, disse a este jornal Anthony Wayne, secretário assistente do departamento de Estado dos EUA para assuntos econômicos e de negócios, designado para ser o próximo embaixador daquele país na Argentina. Hoje o consumo de etanol nos EUA é de 3,56 bilhões de galões/ano, equivalente a 2% do combustível usado pelos carros. O resto é basicamente gasolina. Abdenur avalia que dificilmente eles conseguirão aumentar a produção tão rapidamente para terem autosuficiência.
Brasil e EUA juntos respondem por 70% do etanol produzido no mundo, diz o embaixador. Em 2004, os americanos importaram 160 milhões de galões para ajudar a abastecer o mercado interno, o equivalente a 5% da produção nacional. Disso, 86 milhões de galões saíram do Brasil. O resto saiu da Jamaica, Costa Rica e El Salvador. Ocorre que muito disso “é etanol brasileiro reprocessado”, disse Wayne. Os países centro-americanos e do Caribe podem exportar hoje até 250 milhões de galões/ano aos EUA sem tarifas, mas não têm capacidade para tanto.
Wayne diz ser difícil prever no que pode dar, para o Brasil, o aumento do consumo americano de etanol – se mais comércio, compra de tecnologia, etc. “Mas podemos dialogar sobre isso. Queremos investir em outras fontes de energia e o Brasil é líder na questão do etanol”.
Tamanha previsão de aumento de consumo se deve ao esforço do governo dos EUA para incentivar o uso de combustíveis alternativos aos derivados de petróleo. No caso do etanol, por exemplo, há uma isenção tributária de 30% para instalação de postos. Bush disse, em fevereiro, que é preciso acabar com o vício em petróleo no naquele país. O etanol americanos é feito de milho, o que o torna 30% mais caro que o brasileiro, de cana, considerando o preço na usina.
Abdenur e Wayne participaram da edição latino-americana do Fórum Econômico Mundial.