Iniciada no domingo (01/11), a greve dos petroleiros da Petrobras está sem condições de término, conforme apurado pelo Portal JornalCana na manhã desta quarta-feira (04/11).
Uma das principais reivindicações dos petroleiros é um reajuste salarial de 18% para cobrir a reposição de perdas, aumento real e produtividade. A empresa oferece 8,11%.
A greve, no entanto, oferece pelo menos 5 riscos para o setor sucroenergético. Saiba quais são eles a seguir.
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Na manhã dessa quarta-feira (04/11), a Petrobras reconheceu que com a greve deixaram de ser produzidos 273 mil barris de petróleo na segunda (03/11). O volume representa 13% da produção diária. A estatal não divulgou o impacto dessa queda na oferta de gasolina. Nem se há gasolina em estoque suficiente para atender o consumo, por exemplo, durante uma semana de greve. O etanol surge como alternativa, em caso de baixa na oferta do derivado de petróleo. Por mês, segundo a ANP, o país consome em média 3,3 bilhões de litros de gasolina C.
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Se o consumo de etanol hidratado (veículos flex) avançar por conta da possível escassez de oferta de gasolina, é de se perguntar se haverá estoque suficiente para suprir o mercado doméstico. Em setembro, o consumo nacional de hidratado chegou a 1,6 bilhão de litros. O volume supera em 400 milhões o total consumido em fevereiro desse ano.
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Até a primeira quinzena de outubro, no último levantamento divulgado pela Unica, as usinas de cana da região Centro-Sul do País tinham produzido 10,5 bilhões de litros de hidratado, dos quais 400 milhões de litros estavam comprometidos com o mercado externo e, assim, o mercado interno ficou com 10,1 bilhões de litros. Há oferta de cana para ampliar a produção nestes meses finais da safra 15/16, mas as chuvas recentes têm interrompido a moagem.
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O setor sucroenergético já se mobiliza porque não pode ser penalizado caso precise atender a uma possível alta de consumo de etanol hidratado, em função da menor oferta de gasolina, e não tenha como dar conta desse consumo extra. A Petrobras pode recorrer à gasolina importada para suprir o mercado. Há oferta disponível lá fora. Mas os preços subiram, até devido à greve dos petroleiros, e o dólar alto desafia ainda mais o caixa da estatal.
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A consultoria Datagro já alertou por duas vezes, no segundo semestre, que será preciso economizar 500 milhões de litros de hidratado para que o mercado do biocombustível não enfrente escassez na entressafra, período entre janeiro e março de 2016. Plínio Nastari, presidente da Datagro, lembrou que uma medida para fazer essa economia é reajustar os preços do etanol. Os preços acabam de sofrer reajuste, independente da possível volta da Cide ‘cheia’, mas o período de férias de fim e de começo de ano, com mais consumo, estão chegando.
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