O avanço significativo da colheita mecanizada, a crescente adoção de medidas de proteção em áreas de matas ciliares e o desenvolvimento de tecnologias que conferem mais eficiência aos processos industriais. Estes são alguns resultados verificados após sete anos de implantação do Protocolo Agroambiental do Estado de São Paulo, acordo tripartite assinado entre governo, produtores e 26 associações de fornecedores, que estabelece uma série de princípios e diretivas técnicas, de natureza ambiental, a serem observadas por 134 usinas sucroenergéticas durante a produção canavieira e de seus produtos derivados.
Observando os dados consolidados das safras 2007/8 a 2014/15, o Protocolo registra a evolução do cultivo sustentável da cana entre as empresas signatárias da iniciativa – representam 93,5% da produção paulista e 45,5% da nacional. Um rigoroso monitoramento via satélite demonstrou que nos últimos sete anos o fim da queima da palha da cana impactou mais de 9,3 milhões de hectares no Estado. A prática de uso controlado de fogo no canavial é utilizada para facilitar o corte manual da planta. Entretanto, nas empresas que aderiram ao Protocolo, esta técnica será definitivamente abolida em 2017, inclusive em casos em que os terrenos apresentam inclinação superior a 12%.
Com a mecanização da colheita em mais de 9,3 milhões de hectares acumulados entre 2007 e 2014, evitou-se a emissão de 34,7 milhões de toneladas de poluentes (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e material particulado) e, especificamente, de 5,7 milhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na atmosfera. Para efeito de comparação, este volume de GEEs mitigado equivale ao que seria emitido por 100 mil ônibus circulando durante um ano na capital paulista. A mecanização da colheita também aqueceu o mercado, fazendo com que as usinas elevassem significativamente os investimentos na aquisição de máquinas colheitadeiras. Em 2006, existiam 753 unidades em operação nos canaviais paulistas. Em 2015, constatou-se 3.716 colheitadeiras em atividade.
O consultor de Tecnologia e Emissões da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, destaca a importância destes resultados obtidos no maior estado canavieiro do Brasil, detendo 56% da produção nacional. “Atualmente, 22,6% da área agricultável do Estado está comprometida com boas práticas pelas signatárias do Protocolo”, ressalta o executivo.
O representante da Unica também comenta sobre outro ponto positivo gerado com o advento do Protocolo: 267.822 hectares de áreas ciliares e cerca de 8.100 nascentes compromissados com a proteção e recuperação pelo setor sucroenergético.
A inovação tecnológica também trouxe notáveis avanços na redução do consumo da água nas usinas sucroenergética, algo relevante em tempos de crise hídrica. A limpeza da cana a seco e o fechamento de circuitos de água, que acarretam na reutilização de mais de 90% do recurso natural em processos industriais, têm levado a um consumo de médio a 1,12 metros cúbicos por tonelada de cana processada na maioria das empresas seguidoras do Protocolo Agroambiental.